Verso Solto IV
Somos filhos das horas de todas as grutas
enlaçados em dores que a noite não ouve…
Passeamos o tempo, que não lembra o que soube
e traçamos no vento os caminhos de sal
que os prantos mais velhos lavaram do mal.
E então despertamos no ensino das lutas…
Que o tempo a estrear os dias não cede
ao lamento de horas mortas em branco
nem se detém a saber da paragem
no curso de tanta porta encerrada...
caminhar é… sem regras…
porque há sempre um outro dia que mede
os passos afoitos tentados p'la margem...
Fosse a festa da cor alvorada
o rasto aberto dum trilho mais franco!...
Mas… somos réstea, e penumbra
num rosto de luz ardido
dançando no riso a sombra
de um olhar interrompido.
E as vagas do tempo acordam
do sol o beijo, a nota breve,
ensaio de um passo em greve
num baile antigo, que abordam...
Velamos num mar de ocasos
ao leme de um outro dia
e somos do sal regaços
acolhendo a maresia…
E a saudade, que então mora
em estrelas que não sonhámos,
no céu do meu porto chora
esse azul que não pintámos…
Ana Vassalo
22-Jun-2009
Posted 22-06-2009
Origem das Imagens: Webshots.
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