NETOS

NETOS

JOÃO - MARIA ANA - PEDRO

JOÃO - MARIA ANA - PEDRO

REMARKABLE PEOPLE



FERNANDO PESSOA

(Lisboa, 1888 - 1935, Lisboa)


"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


************
"I am nothing.
I will never be anything.
I cannot want to be anything.
Apart from that, I have in me all the dreams in the world."

or...

"I am not nothing.
I will never be nothing.
I cannot want to be nothing.
Apart from that, I have in me all the dreams in the world."


(Álvaro de Campos in "Tabacaria")




LISBOA - Chiado

LISBOA - Chiado
"Fernando Pessoa" by Lagoa Henriques. The place: "Café A Brasileira" (Brazilian Café) - 1905.

PLAYLIST TODAY




MUSIC IS THE PASSION REPORT



♥ ♥ ♥


PLAYING SOFTLY WHILE SOMEONE SANG THE BLUES



Saturday, Jul 22, 2017 - 17:57





SALVADOR SOBRAL - NEM EU [DORIVAL CAYMMI]



YouTube – "Salvador Sobral"





ANTONY HEGARTY + LEONARD COHEN - IF IT BE YOUR WILL [COHEN]



YouTube – "Oggmonster"





CHAN MARSHALL (CAT POWER) - I'VE BEEN LOVING YOU TOO LONG [OTIS REDDING]



YouTube – "anaruido"





JANIS JOPLIN - ME & BOBBY MCGEE [CHRIS CHRISTOPHERSON]



YouTube – "ThE DuCk"





JEFF BUCKLEY - LILAC WINE [JAMES SHELTON]



YouTube – " roberta panzeri"





DAVID BOWIE - WILD IS THE WIND [JOHNNY MATHIS]



YouTube – "Peter Music HD"







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LEANING INTO THE AFTERNOONS by PABLO NERUDA

«Inclinado en las Tardes»



YouTube - "FourSeasons Productions"






CHANGING BATTERIES - OSCAR WINNING ANIMATED SHORT FILM



YouTube - "Bzzz Day"





DIALA BRISLY - A BEAUTIFUL YOUNG LADY

(a huge thanks to my daughter who e-mailed this video to me)



BBC Newsnight

«Syria is devastated by five years of war - and it's taken a huge toll on the country's children. Here's one woman - artist Diala Brisly - who is trying to make life that little bit more bearable for Syria's kids.»

Syria is devastated by five years of war - and it's taken a huge toll on the country's children. Here's one woman -...

Publicado por BBC Newsnight em Domingo, 20 de Março de 2016






A JOURNEY BACK TO ENDEARMENT

A JOURNEY BACK TO ENDEARMENT



FLYING A SECRET



I got here to hide. From equations and patterns. From repetition, after all.
Closed the door and got me a special place where I thought I could
somehow sit close to the stars. But I soon found out that the sky was
still opaque, no matter what the steps. And so I left. Again.

I thought, then, I could build me a different ceiling, a new-coloured scrap
of highness. And then make it work. Where I could dream, more than I sleep.
I have long decided that sleeping is overrated - that I know for sure. So I
take that time instead to travel the night alone and in the meantime I allow
myself to fly, unlike stated before... Yes, I like playing with paradox, to
expose the inside of words and the revelation of writing down the voice of a
silence. My adventurous, ever-walking silence.

So I came back. Here, within this quiet world, I intend to gather all my
things usually kept hidden or inactive. They are here to speak.

And since the future is a stand-by secret, I want to live by a precocious
clock, at every running instant of every entering second.

And I will not slow down until my "future exists now" - kind of reverse
quoting Jacob Bronowski.


Ana Vassalo
in my site "CAFEÍNA"(former "No Flying Allowed")
Nov 11, 2010 - 11:54




THE WALK OF TIME

THE WALK OF TIME

quarta-feira, 17 de julho de 2013

NO RASTO DA CLARIDADE



Flame in a Glass
 
 
 
 
 
No Rasto da Claridade
 
 
 
As luzes, tristemente baças, confirmam enganos ópticos no desarrumo das almas.
Ainda.
 
Mas o café há-de chegar, muito e quente, celebrando extremos endógenos. Eu.
Ainda.
 
Jantar à direita, super bock em frente e caderno à esquerda, de uma mesa ínfima e sobrelotada de ansiolíticos de recurso, por entre multidões da bola no habitual e cúmplice café da rua, assim, de um nada saído sabe-se lá de onde, apercebo-me pairante pelos meandros antigos de um casamento roubado à utopia, com garra e fé, e vontades invencíveis por discordâncias paternas. Vontades combatentes, nuns dezassete anos meninos, decididos à “felicidade, por fim”, de uma claridade a transbordar de sonho. Antes.
 
Antes. 
 
De um depois agarrado ao desequilíbrio. A vida no arame. Em vertigem de queda. E a fuga reparadora, os esconderijos, de trevas no avesso de mim: o cíclico isolamento de reciclagem. Que ganhou força de hábito e, eterno, se fez companheiro até sempre.
...
 
Era ali, sim, aquele, o lugar fechado de horizonte e terras, com lógica de nunca mais e tópica inagendada de promessas, que me tinha acolhido em regime de chão e pequeno-jejum por umas férias sem prazo. Nada de Tibete ou romantismos existenciais, apenas fuga e dormência intentada em casa de coisa alguma. Ali, no fundo do mundo mais fundo: eu.
 
Os muros, em ruína, transmutavam-se com a noite e os intervalos de cal cansada de sombras projectavam vultos inesperados, olhos vigis e dinâmicos à espreita de todos os medos conhecidos, e mais os outros que assim se faziam chegada.
 
O espaço era largo e abrangente de acantonamentos procurados. Por isso me escondia ali, no inferno estático de um futuro que grita a urgência de uma paz de grutas. Onde o mar se guarda de luares e se furta a marés rejeitadas, por um vestígio de descanso.
 
As palavras não tinham como evadir-se, por lá, onde a possibilidade perdia significância de expressão. Atropelavam-se, amontoadas de pensamento. Galgando lugares à frente na fila de chegar cedo e, curiosamente, não para morrer. Buscavam o som, o eco ou o grito, a tinta escura da solidão em marcha ou o écran da debandada em libertação. Inevitável mas escusadamente.
 
Os ventos, desencontrados, entravam desenfreadamente, evocando que ouvir sugere a existência de vida num qualquer lugar do tempo - que se perdeu. Por vezes, até, rompiam silêncios uns dias de barcos e trompas, abrindo vagas ao caminho no esquecimento do mar.
 
Chegavam ruídos de códigos, de SOS, sonhos de náufrago inconformado, em Morse, que um dia de há muito, muito tempo, adaptei para os sentidos: para o ‘traço’, o pestanejar demorado; rápido para o ‘ponto’; olhos bem abertos, para o ‘espaço’.
 
Assim, uma arte exclusiva, de comunicar pelos olhos desenhando letras na luz... Lembro que “amo-te, Ana” tinha muitos traços, muitos olhos fechados longamente, tal como “mentira” muitos pontos, de olhos céleres e fugitivos. Fatalmente desencontrados no encontro. Um certo tempo que hoje me escapa, mas me identifica como esposa convicta de um vagamente-marido, que me (des)acompanhava, etéreo, em traços e pontos de inventar a vida, a mesma que nunca logrou entender, dela se demitindo sumariamente, a cada segundo, mas tentando, sem tréguas, arrastar-me consigo, em roubo contínuo de ar e esperança, ou somente de sobrevivência, sem nunca o assumir ou sequer aperceber. Talvez por isso, a memória desse ‘eu’ se torne hoje, instintivamente, em terceira pessoa do singular, por imperativo de subsistência.
 
Por tanto ou tão pouco, então, as fugas recorrentes, de um inferno por outro, da superfície de outrém até ao fundo de mim, descendo para me achar.
 
E ali, naquele lugar de vácuo, com contornos de noite e curta-metragem a preto e branco, o incontornável protagonista de mistérios, que agora era eu, sentia o adensamento de cada partícula de não-evento, do nada tornado coisa. Coisa de se ir vivendo, ou algo aparentado que lhe suceda.
 
E pensava, tantas vezes, que os mortos, em matéria flutuante e invasora, intangível mas pesada, deviam ser a própria antecipação de mim nesse presente de identidade silenciada. Eles e eu, eu e os mortos em comunhão de idades, eras de ausência.
 
Ocorria-me, depois, que mais fundo que a morte era aquele fosso imenso e temporariamente intransponível, onde descia ciclicamente, sem presunção de amanhãs, tão-pouco a vontade, buscando protecção contra interrogações imobilizantes – o absoluto do paradoxo para quem se autoentorpecera no confortável conhecido de uma escuridão protectora, sem horas. Cinco anos, buscando momentos sem horas.
 
Clandestinamente, contudo, uma nesga de luz, a querer filtrar-se por entre rochas e negação, ferindo-me os olhos de Vida. E depois, sabe-se lá como ou porquê, num qualquer raiar de sol por entre praias, inquiri de areais e arrisquei saudade. Pus o pé curioso mas em cuidado do lado de fora, e um sussurro de brisa tomou o coração de regressos.
 
Saí. Cobrindo o olhar com mãos certas de abdicar a esperança. Mas saí.
 
De quando em quando, entro o mar, que acarinha o melhor de mim, e afoito-me a novas visões de construção, ou de renovação, em oxigénio de mundo. De quando em quando, tento a Vida. Que intercalo com fugas por abrigo, que respiram em grutas. O espaço que me concedo entre lugares de ser e outros de sobreviver é aquele em que me perco no mundo, sem casa que me conheça.
 
Acredito-me na luz, como na escuridão. É outro, a que ainda não dou nome, onde me perco em fragilidade de procura e mudança, o lugar que me escurece a fé. Porque não me sei no limbo. E ajoelho e soçobro como prece em terra surda. De um deus que não me resolve.


Amanhã será verdade.

Possivelmente.


Ana Vassalo
16-Jul-2013 – 23:02


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