NETOS
JOÃO - MARIA ANA - PEDRO
REMARKABLE PEOPLE
(Lisboa, 1888 - 1935, Lisboa)
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
************
"I am nothing.
I will never be anything.
I cannot want to be anything.
Apart from that, I have in me all the dreams in the world."
or...
"I am not nothing.
I will never be nothing.
I cannot want to be nothing.
Apart from that, I have in me all the dreams in the world."
(Álvaro de Campos in "Tabacaria")
LISBOA - Chiado
PLAYLIST TODAY
MUSIC IS THE PASSION REPORT
♥ ♥ ♥
PLAYING SOFTLY WHILE SOMEONE SANG THE BLUES
Saturday, Jul 22, 2017 - 17:57
SALVADOR SOBRAL - NEM EU [DORIVAL CAYMMI]
YouTube – "Salvador Sobral"
ANTONY HEGARTY + LEONARD COHEN - IF IT BE YOUR WILL [COHEN]
YouTube – "Oggmonster"
CHAN MARSHALL (CAT POWER) - I'VE BEEN LOVING YOU TOO LONG [OTIS REDDING]
YouTube – "anaruido"
JANIS JOPLIN - ME & BOBBY MCGEE [CHRIS CHRISTOPHERSON]
YouTube – "ThE DuCk"
JEFF BUCKLEY - LILAC WINE [JAMES SHELTON]
YouTube – " roberta panzeri"
DAVID BOWIE - WILD IS THE WIND [JOHNNY MATHIS]
YouTube – "Peter Music HD"
_____________________
LEANING INTO THE AFTERNOONS by PABLO NERUDA
«Inclinado en las Tardes»
YouTube - "FourSeasons Productions"
CHANGING BATTERIES - OSCAR WINNING ANIMATED SHORT FILM
YouTube - "Bzzz Day"
DIALA BRISLY - A BEAUTIFUL YOUNG LADY
(a huge thanks to my daughter who e-mailed this video to me)
BBC Newsnight
«Syria is devastated by five years of war - and it's taken a huge toll on the country's children. Here's one woman - artist Diala Brisly - who is trying to make life that little bit more bearable for Syria's kids.»
Syria is devastated by five years of war - and it's taken a huge toll on the country's children. Here's one woman -...
Publicado por BBC Newsnight em Domingo, 20 de Março de 2016
A JOURNEY BACK TO ENDEARMENT
FLYING A SECRET
I got here to hide. From equations and patterns. From repetition, after all.
Closed the door and got me a special place where I thought I could
somehow sit close to the stars. But I soon found out that the sky was
still opaque, no matter what the steps. And so I left. Again.
I thought, then, I could build me a different ceiling, a new-coloured scrap
of highness. And then make it work. Where I could dream, more than I sleep.
I have long decided that sleeping is overrated - that I know for sure. So I
take that time instead to travel the night alone and in the meantime I allow
myself to fly, unlike stated before... Yes, I like playing with paradox, to
expose the inside of words and the revelation of writing down the voice of a
silence. My adventurous, ever-walking silence.
So I came back. Here, within this quiet world, I intend to gather all my
things usually kept hidden or inactive. They are here to speak.
And since the future is a stand-by secret, I want to live by a precocious
clock, at every running instant of every entering second.
And I will not slow down until my "future exists now" - kind of reverse
quoting Jacob Bronowski.
Ana Vassalo
in my site "CAFEÍNA"(former "No Flying Allowed")
Nov 11, 2010 - 11:54
THE WALK OF TIME
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
Escrevinhar
Eu escrevo, sim.
Posso escrever por dias a fio, como
calar-me durante meses. Escrevo quem sinto e quem penso. Escrevo-me.
Em cadernos belíssimos, cheiro a novo
e capa rija, com reproduções de Van Gogh ou Monet, a tentar roubar
o spiritus. Ou em agendas que guardo para esse fim, porque o
tempo medido não me interessa. Depois em envelopes velhos, perdidos
na mala, ou nos guardanapos do Café, mesmo os fininhos, que mal
agarram a tinta. Não me conheço sem um molho de canetas na
carteira, e já agora fica dito que é também porque as vou perdendo
uma a uma e a velocidade incompreensível. Porque é assim que sou:
pairante. Escrevo em casa, no portátil, nos papéis, na cozinha, nos
cafés, à beira Tejo ou junto ao mar, nos jardins, no restaurante,
no carro (parado), e até
aconteceu escrever durante um magnífico concerto de Abdullah Ibrahim
(Adolph
Johannes “Dollar”Brand ).
Aos 8 garatujava postais, e qualquer
dia do ano me era oportuno, com “projectos” de poema para os meus pais, que faziam o favor de os
ler com amor. Aos 12 escrevinhava margens, capa e contracapa de
cadernos e livros escolares – infelizmente para os outros e mais
ainda para mim, nunca fui ‘bem comportada’ para os padrões
lectivos. E aos 13 escrevia, então, a primeira “grande aventura”:
devia fazer a Primavera falar, falar alto a partir do coração,
segundo tema proposto na aula de Religião e Moral – coisa de que
nunca me dispensaram e a que eu ora faltava ou simplesmente ignorava
quando presente, até ao momento da diferença. A diferença, neste
caso, feita por professora “revolucionária”. Que, só por acaso,
era também a de Português e logo me “apresentou” a Manuel
Alegre e Florbela Espanca, pouco depois a muitos, muitos mais.
E, exactamente aqui, nasceu o vício, o
dia em que entendi o lugar da escrita: o da minha triste “Primavera”.
Então, acrescento o visível: escrevo
para respirar, como quem diz para não sufocar de vez. A dor, a
raiva, a apatia, quase sempre, porque a alegria vivo-a em pleno. E
quando escrevo o riso é para afastar os dias mais negros que teimam
em querer vencer-me.
Milito nisto: não somos todos iguais,
não temos de ser, e grandioso será o dia em que decidamos todos,
por fim, sobre a inutilidade da padronização. Cada ser vive-se a si
próprio e tem, à partida, toda a possibilidade de viver-se como é.
Aquilo em que se torna durante o processo aglutinador da aculturação
é escolha sua, por mais que não lhe pareça. Pode-se viver dentro
do sistema sem o glorificar, sequer incentivar. É da diferença que
nasce a criação. O resto não passa de comentário, projecto de
ensaio em nota de rodapé. Classificar é desprespeitar o direito a
ser-se indivíduo, único e irrepetível.
Por isso a minha escrita é o que eu
quero que seja, é a minha catarse e é-me indiferente se a procuram
ou não. Mas completamente, mesmo, por mais que tal, invariavelmente,
suscite dúvidas a muito boas almas, e apesar de ser perfeitamente
conferível que me mantenho à margem de todas as (muitas)
capelinhas em que quiseram integrar-me, que não divulgo a
larguíssima maioria do que escrevo, não chamo, não endereço, não
imponho.
“A arte maior serve para libertar”
: algo que aprendi muito cedo com Fernando Pessoa, porque bem cedo a
solidão chegou e me empurrou para os livros. Memorizei e
interiorizei. Para caminho, como farol.
O que quer que seja o que eu escrevo
não visa ser arte nem ser maior, não visa o externo; procura
somente a cura ou a fuga que me faz falta à continuação. A minha
escrita, a que ri e a que chora, é tão somente ‘arte’ de
sobrevivência.
De resto, pouco me interessam as
categorias onde me queiram trancar. Classificar é prender, e eu
lamento sempre verificar que insistem em dar asas à capacidade de se
aprisionarem. Que “asas são para voar” parece ser algo muito
claro, mas tudo indica também que, de tanta luz, resulta a invisibilidade.
A tudo isto acresce a liberdade de
escolha. Porque quem não gosta pode sempre não ler. Ou não aceder
a, ou ignorar, ou ainda fazer-se à estrada para o maior longe
possível. Ou não! Completamente irrelevante.
Por mim, escrevo e escreverei até ser
dia: o dia da Vida que se aceita - e ciclicamente me é arredio, como
hoje, como tantos outros “hoje”. E só depois, passa por mim a
paz. Que me arruma por dentro e por momentos me vira para fora,
tornando-me em algo aparentado com o mundo. O que eu persigo ainda
não tem nome, porque me é desconhecido. De alguma maneira, escrever
tempera o deserto que é não saber.
Procuro. Escrevo para interrogar o rumo
das respostas que não alcancei. Para repor a justiça, tal como a
entendo, que é o direito de conhecer o conhecível. A consciência
de que uma vida não basta para tanto, informa que há que a
percorrer em velocidade para de algum modo equilibrar o nível dos
incumprimentos. Se é ou não producente não me interessa para já.
Procuro a solidão interna quando quero
perceber-me, festejar-me, desaparecer, ou simplesmente viver a
saudade do que serei. E o silêncio incomoda com estrondo, porque
afronta inseguranças alheias, terreno especulativo de razões. E no
entanto, é tão visivelmente simples: o silêncio é o nosso visto
de entrada no mundo que somos sozinhos. Sem agentes de interferência.
Então, a palavra escrita é, será para sempre, o amigo quieto mas
presente, que tudo sabe de ouvir. E que ensina a perguntar.
Um dia, contudo, acredito que
encontrarei tudo isso, que me renova e revive, num ser humano que
hei-de amar. Até hoje não consegui e não por falta de tentar.
Existe, concluí, uma dificuldade intrínseca na espécie em
compreender tudo o que é simples...
Como, naturalmente, existe em mim. Por
isso escrevo: para simplificar.
Escrevi resmas e resmas de textos na vida, que
perdi em ocasiões repetidas de incidentes, negligência, decisões
terceiras, desapego próprio. Restam-me uns poucos que salvei, e mais
o que vou escrevinhando e que a tecnologia, desta vez, vai guardando.
Que um dia, certamente, perderei também, porque há coisas em que a
‘História’ se repete.
Mas a Vida que lhes passei, e que era a
minha, guarda para sempre um lugar da Liberdade conquistada dentro
de mim.
Não posso, não quero e não sei pedir
nada a ninguém, seja do domínio do profano ou do sagrado. Então,
resta-me escrever!
E “o mais que isto é Jesus Cristo...
(que) nem consta que tivesse biblioteca”...
Ana Vassalo
26-Dec-2012 – 15:38(Imagem: Graffiti "Everywhere")
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
SINAIS
Sou atenta. Trazem a multiplicação dos cenários e projectam possibilidade. Antecipam e
podem criar a diferença entre realização e falha do objectivo. Um dia, alguém me citou Júlio César, a propósito do respeito e atenção pelos Sinais... Nunca esqueci.
Mas, no final do dia aprendido, é o
real que conta. A certeza presente e palpável, matematicamente
comprovável. A equação. E só posso conhecer o valor da incógnita
depois de fazer as contas – o que exige fornecimento de dados... E
apenas quando os dois termos dessa equação se revelarem
comprovadamente iguais. Então, x*1/(1+1) será igual a 1*2²
/2²
– pareça ou não – logo que calculada a incógnita. E está,
agora sim, encontrado o real.
Real
é certeza matemática, o restante é hipótese, jogo, aposta. Por
mais q os sinais se insinuem como certos. Nem a certeza estatística
de 99% me faculta conclusões, porque o desvio à norma, a excepção,
o Acaso existe, e vale 1% - pode ser tanto!, dependendo da dimensão
da amostra...
Uma
velha senhora muito pouco simpática, que responde ao nome
“experiência”, ensinou-me que as coincidências existem, sim,
porque o universo é dado à brincadeira e aprecia os jogos de
escondidas. Não se sabe muito bem por ou para quê, mas tem-se
verificado que assim é com frequência confortável para concluir.
Então, às vezes, quando e sempre que lhe apetece, talvez porque
acordou para aí virado, brinca connosco, unaliteralmente, sem ao
menos perguntar se queremos, ou se estamos, sequer, para aturá-lo.
Percebemos também, no decurso das provas, que tudo depende do vento
que escolheu para lhe soprar a disposição: ora pode ser chegada,
ora partida. Ou, concretizando, umas vezes dá, outras tira. E
desaparece sem prestar contas, só porque pode.
Para
mim, os sinais são relevantes a muito níveis, espécie de
reconstituição da estrada para Ítaca, essa tal que vale muito mais
a pena que a própria Ítaca. Trazem desafio, procura, concentração,
tudo elementos de mais-valia que podem conduzir ao conhecimento. Mas
são plurissignificantes. Comportam a múltipla possibilidade. E a
presença do conceito de possibilidade anula a certeza demonstrável.
Depois,
por mais que o caminho seja estimulante e convide à continuação,
é indiscutível que se está sempre a chegar a algum lado, ainda que
de passagem, porque há que parar ciclicamente para descansar. E é
aí que reavaliamos todos os sinais e usamos o filtro de selecção
para escolha dos sobreviventes – os que sugerem mais certeza,
depois de mais caminho andado. Até que, a dado momento, acabaremos
com um número muito reduzido e uma proximidade bem maior, que quase
toca a certeza. E apenas isso: muito próximos, sim, mas
irremediavelmente inseguros.
Imaginemos,
então, um potente néon a cortar a noite, que está agora a piscar o
nome “Ana”, parece apontado a mim, e já na véspera piscara
perto da minha janela: encaro o fenómeno como um sinal a atender
mas, também para mim, como sinal que é, será, por enquanto,
pertença possível do acaso. Depois, se ao piscar o meu nome, abrir
a janela e entrar a minha casa, será certeza estatística – pode
ainda tratar-se de mera coincidência. Saberei, sem margem “possível”
para dúvida, que é o meu neon
somente no momento em que ele mo fizer saber: esta luz é para ti e é
o teu nome que ela reflecte. Esta é uma certeza matemática.
Acresce
que, ao contrário do laboratório, onde se produzem as leis
científicas, na natureza, como quem diz na Vida, ela pode ainda ser
uma certeza mentida. Mas aí passa a ser matéria do Tempo: ele
comprova a verdade ou a mentira da certeza que foi um dia. Mas foi
certeza.
Em
boa conclusão, convenhamos, a certeza não existe, a não ser numa
linguagem que carece de descodificação. Vivemos, então, tanto
quanto aprendi, com certezas provisórias para criar base de partida,
ou viver seria uma impossibilidade.
E
no entanto, tudo isto dito, caminharei sempre os sinais, com
respeito, porque os cenários da possibilidade ensinam. É a decisão
sobre o virtualmente sugerido como real e a contraposição dos jogos
da coincidência quem se chega à frente e exige mais.
Porque
o Acaso tem um poder devastador.
E
eu, tenho-lhe o maior dos respeitos.
Ana
Vassalo
25-Dec-2012
– 15:46
Etiquetas:
Acaso,
atenção,
cenário,
certeza,
coincidência,
desvio,
dúvida,
equação,
estatística,
incógnita,
possibilidade,
real,
Respeito,
Sinais
domingo, 23 de dezembro de 2012
flores
Nunca entenderei o ódio. Valha-nos a vantagem, solteira,
de não ser contagioso.
Ainda assim, eu costumo desaparecer das imediações -
é muito spleen a turvar o ar - exactamente porque não
percebo o fenómeno, e o dito não se presta a ser
entendido.
Mas suponho que terá as suas raizes. Secas, tanto
quanto me ocorre...
Anda quase sempre muito mal assessorado e, não poucas
vezes, por uma entidade doentiamente perturbada, que
dá pelo nome de vingança. Outra ilustre desconhecida,
na minha rede de contactos.
Mas diz-se que operam juntos, inseparáveis, lá pelo
mundo das sombras...
Não aprecio, rouba muita luz.
Então, deixo sempre um voto de cura aos portadores
do vírus, torcendo sinceramente para que algum dia, que
se espera breve, se restabeleçam. Coloco-o bem visível,
em cima da mesa, precisamente antes daquele momento
vital em que ganho toda a distância que conheço...
Não sem antes assinar.
Com flores!
São belas, criam contraste...
Seja lá como for, FELIZ NATAL é para todos. E "é quando um homem (ou uma mulher) quiser".
Ana Vassalo
22-dec-2012 - 23:41
sábado, 22 de dezembro de 2012
CAFÉ
Café cheio, se faz favor. E já agora,
a escaldar.
Feito: 60 cêntimos de calor.
Energia: visto, comprada. Está paga,
posso vesti-la,
entregar-lhe a amnésia de um corpo que costumava
ser meu.
Do efeito não sabemos, que comerciar é
enigma, o
risco de ser-se epílogo.
Mas chama-se a musa. Que comparece em
negativo:
lúcida-clara-vigil, sem rasgo de sonho
à vista. Vulgar
e feia se aceita - passeia a chama
perdida que nem o
inferno sabe...
Estamos bem, a calma reina: despovoa-se
da palavra
qualquer rasto de alma com vida, e somos
uma outra
espera, sem o nome, no apagão da
vertigem.
Tudo cala, na casa da fantasia. O luar
não faz maré e
rebenta a praia só e farto, na falésia dos silêncios.
Sobram os vultos dançantes por folhas
cansadas de
outono, restolhando a escuridão - que
ainda cantam,
às vezes, sem querer, a solidão dos
orvalhos. De
resto, não sabem vida.
No caminho, jaz a migalha: referente,
generosa, que
largámos da prudência num dia de nos
pensarmos.
O fado soa de aléns, onde a alma já
cantou. Para-se
o pé do cansaço e a pena morta
escreve um pássaro,
preso à mão, e o olhar supõe-se vivo: repetidos
somos vivos, respiração do instinto que sobrevive
o
permafrost.
E o retrato engana a luz, na mistura já
antiga: somos
amor em memória, refugiado do frio que
já nem
sabe quem fomos.
Só as musas, que não dormem, sabem
que o sonho
aterrou.
E partem, leves. Indiferentes à geada.
Ana Vassalo
(Imagem: “Snow coffee”, in Dark Sky
Magazine)
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
"NO TEU POEMA"
Always
JOSÉ LUÍS TINOCO
"No teu poema
Existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida.
No teu poema
Existe a dor calada lá no fundo
O passo da coragem em casa escura
E aberta, uma varanda para o mundo.
Existe a noite
O riso e a voz refeita à luz do dia
A festa da senhora da agonia
E o cansaço do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco, a raiva, a luta de quem cai ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
Existe o grito e o eco da metralha
A dor que sei de cor mas não recito
E os sonos inquietos de quem falha.
No teu poema
Existe um cantochão alentejano
A rua e o pregão de uma varina
E um barco assoprado a todo o pano.
Existe a noite
O canto em vozes juntas, vozes certas
Canção de uma só letra e um só destino a embarcar
O cais da nova nau das descobertas.
Existe um rio
A sina de quem nasce fraco, ou forte
O risco, a raiva e a luta de quem cai ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
Existe a esperança acesa atrás do muro
Existe tudo mais que ainda me escapa
E um verso em branco à espera... do futuro."
21-12-2012 - 15:13
(imagem: "kiss in paris" by Chekirov)
Etiquetas:
jose luis tinoco,
no teu poema,
paris
Natal!
à procura...
NATAL!
mãezinha, vais buscar o natal para mim?
perdi-o...
ainda não me chegou ao coração, este ano.
se calhar cresci...
adultei-me, quem sabe...
o que é do certo faz-se certificar.
infelizmente.
deixa lá, mãe.
diz que há mais, todos os anos.
entretanto, encho-me de chocolate...
av
21-Dec-2012
Etiquetas:
natal da mãe,
natal sem coração
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
sequestrados do Tempo
ainda não sei quem estou
cresço no Outro em círculosa minha própria aceitação
e nada em mim seguro do que Sou
liberto-me na revolta
nuns dias em que sozinha habito o mundo
e então vivo do verbo Ser
onde os ecos são longe e sem força de projecção
mas há um fosso intransponível
que me sitia
entre o que me penso e o que estou
uma diferença perdida entre a cabeça e a vida
que às vezes trago da luz e vence todos os censores
perfilados à porta da dor antiga
mas logo descanso os olhos a salvo da nitidez
que me fixa...
nasceu lá atrás
no princípio dos tempos que empurrei do caminho
a força maior das buscas que me compõem
e das lutas que me deformam
um querer tocar a perfeição sem estrela-guia
e lutar depois insanamente contra ela
tecendo ponto por ponto
a malha de cada lágrima
em inabaláveis estruturas de imperfeito
e abraçada paralisação dos sentidos
cegar calar ensurdecer
e dormir
dormir os tempos
para não saber
as eternidades que me separam de tudo o que preciso ser
para me validar
para estar quem Sou
nuns dias de pássaro
depois locomotiva
tantos outros silêncio
e o mais deles canção
entre o pensar-me e o saber-me
existe o fumo das ausências que me pressentem viagem
e os ferros da prisão que me formatam paragem
sou livre quando adormeço
de pé
nos sonhos que pinto para me emprestar
com o olhar da vontade que me pertence
mas nada em mim seguro do que Sou
chego todos os dias
numa manhã farta de névoa
carregada do verbo estar
para morrer a cada madrugada
num beco da consciência
lotado de escuridão
onde me largo aos contentores
dos que se respiram por hábito
alma descalça em corpo nu
abrigados no vento contra a vida
Ana Vassalo
19-Dec-2012 – 18:30
(Imagem: "Fallen nude", Heather Marie Craft, USA)
Etiquetas:
Poesia,
sequestrados,
Ser ou estar,
Tempo
domingo, 16 de dezembro de 2012
casa de lua
entrei a noite
aquipela porta mais estreita
do medo
sigo tempo em formação
agora
num desvio de curso certo
ergo os braços
escada ao infinito
o breve
espectro de alcance
ruído do coração
em marcha
fantasma da pele
em contacto
a chama
do corpo tornado mais leve
o golpe terno
a enseada
o sono dos inocentes
orvalho pela manhã
e sou o dia
movimento
edifício e lugar mais perto
da lonjura
acalmo os instantes
de sede
o sonho
na estrada mais escura
sem rosto
de histórias antigas
nascendo à lareira
as sombras como guia
na memória
o vinho
a flor
cigarros trocados
a espera
o beijo
depois cerco e tomada
palácio de estrela
o céu do olhar
e a coragem
na encruzilhada
o anúncio da noite aberta
o teu caminho
no chão da viagem
e eu
caminho teu
e barca
e rio no mar
horizonte
eu em perfeito total
agarrando a casa
dessa lua toda cheia
que um dia roubaste para mim
e lembro então
que sou vida quando és
sou o lugar
de quando estás
foste sempre tu
a palavra de mim
primordial
solta pelos ventos
o rumo aberto
universo em mãos
asa e saudade
tu...
na noite que se aconchega
sou o abraço teu de muitas idadese a música passa
baixinho
no intervalo de nós
fechando o espaço das horas
Ana Vassalo
16-Dec-2012 – 00:42
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
FELIZ ANIVERSÁRIO, PAI!
Parabéns, meu Pai viajante!
Agradeço-te todas as naus e todo este amor que aprendi pelo mar: os meus amigos de infância, que me faziam mais perto o teu amor. Os álbuns que me traziam mais Terra, com gentes de outros falares e de muitos outros mares de alma. O Tejo em Lisboa, que às vezes me deixava visitar os barcos onde me esperavas, e me ensinaram esta saudade de partir, de ser viagem para sempre. Agradeço-te África, meu Pai, que me ofereceu a Liberdade que se respira. E ...
Agradeço-te todas as naus e todo este amor que aprendi pelo mar: os meus amigos de infância, que me faziam mais perto o teu amor. Os álbuns que me traziam mais Terra, com gentes de outros falares e de muitos outros mares de alma. O Tejo em Lisboa, que às vezes me deixava visitar os barcos onde me esperavas, e me ensinaram esta saudade de partir, de ser viagem para sempre. Agradeço-te África, meu Pai, que me ofereceu a Liberdade que se respira. E ...
hei-de sempre pedir-te mais contos, de uma vida de marear: que ainda hoje me contas, e eu oiço aconchegada, até ao final do mar.
Parabéns, meu querido Pai, quero-te assim, hoje e sempre, como um dia feliz de voltar.
“O Homem que se esforça para atingir o ideal assemelha-se ao viajante que, ao entardecer, sobe a colina: lá no cimo, não está mais perto das estrelas, mas vê melhor.” - Jules Tannery
Parabéns, meu querido Pai, quero-te assim, hoje e sempre, como um dia feliz de voltar.
“O Homem que se esforça para atingir o ideal assemelha-se ao viajante que, ao entardecer, sobe a colina: lá no cimo, não está mais perto das estrelas, mas vê melhor.” - Jules Tannery
Ana Vassalo
(in facebook too)
11-Dec-2012
11-Dec-2012
(Imagem: “The Red Barge”, David Kalbach)
domingo, 9 de dezembro de 2012
FELIZ ANIVERSÁRIO, MÃE!
Admiro muito todos os valentes anónimos, já que tal bravura não se define no mediatismo, tantas vezes acompanhado de agenda, mas apenas porque os compõe, é sua parte integrante, como que carregada nos genes. São aquelas pessoas especiais, que aprenderam sozinhas a driblar a vida, passando por todos os intervalos da adversidade, e saindo sempre vencedoras, qualquer que tenha sido a perda. E no final de tudo isso, o mais notável para mim, conseguem ainda caminhar a bondade, sem jamais perder a inocência: o olhar da ternura, vasto e aberto de luz, o sorriso de mel, brando como um afago.
Salve maravilha, minha Mãe bonita!
Obrigada, sempre.
Ana Vassalo
(in facebook too)
09-Dec-2012
(image: "Mother & Child (2)" - Wai Ming)
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
TRISTEZA
A tristeza não se explica, vive por nós. É como um vasto
campo verde ao fundo, e janela nenhuma no olhar.
Ana Vassalo
(in facebook too)
07-Dec-2012
(Imagem: "Store Glass Window", Franco Cignelli)
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
sedas no vento
quem sabe,
as farpas encostam num lugar de paz
e a doce ternura em retiro
arrisca um passo de luz...
e eu
travestida de risos dança manhã
ouso a paisagem sem queda
esse toque de uma vida
enfim liberta de infernos...
sabes,
há uma saudade de ti
escondida nos poros
guardada em raiz
de mim
de ti quando eras de mim
uma saudade do que floresço
quando me abrigo da nua claridade
e arrasto da memória
todo o amor
que deixei ficar em ti.
o espaço fechado entre nós
dos olhos que se respiram mutuamente
guarda a imagem saudade
de eternidades que se tocam.
a dança das mãos
regaço de cúmplices
tomando a madrugada
que chove do frio a cor
e um frenesim de lua cheia
no céu melhorado da “noite americana”...
a estação deserta num silêncio de geadas
e o comboio que nos dorme os abraços
até à morada final da culpa...
a noite profunda do sono que se despede
e inventa o regresso que se esquecera
num lugar do tempo fechado
quem sabe,
a farpa que me tornastese cobre em raiz de seda
por um breve instante de luz...
e agarra a escarpa desse tempo
num quieto toque de fé
por um salto
que se rasga em vento na pele
como sopro de um céu sem rede...
Ana Vassalo
01-Dez-2012 – 21:00Imagem: Foto "Há palavras que nos beijam", António Simão Meira.
Subscrever:
Mensagens (Atom)