Eu tinha aqui este écran
De histórias sem rumo
… A passar...
E nelas um traço génio
Que ligava a luz do solNas esquinas sem morada
Dos encontros por haver
Tu lá seguias
Na fila dos sonhos adiante
Com os gnomos e os sábios e as sereias
Num conto mistério a morar o tempo
Da colisão de estrelas sem mar
Era um país de nascer
Sem contas de calcular
Onde a minha mão erguida
Acenava a partitura
Da música que eu desenhei
E nesse sal de outros vinhos
Vindimados por afectos
Corria uma asa em nós
Que se soltou lá dos céus
Pra voar dentro do peito
Eu tinha mãos de aguarela
Sujava o mundo de azul
Com dedos de ser menina
E gargalhada de flores
e tu
chegavas ...
de branco calado
eu conhecia-te o vulto
e as sombras de ti ocultofalavam do teu recado
...
eu não sabia escrever
dos nortes que descobria
quando a voz que te dizia
soava dentro de mim
mas eram versos de correr
no coração sem ter fim
ou esquadro, lei ou compasso...
só sei
que um beijo de mar no regaço
nascia ao fim dos cansaços
e se abraçava à ventania
…
explode-me o céu de mudança
nas mãos cheias de horizontese o que há para lá dos montes
diz que és o sal de temperança
grito, corro, aceno aos deuses
agarro a pele em suor
águas de chuva em amor
num lugar de tantas vezes
...
mas
velhinho de ser adeus
sou filha do vento de ir
que eu do mar... sei o partir
Ana Vassalo
06-Jan-2013
Imagem: “White sail”, Leonid
Afremov.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentários: