de espada em grito a razão
inconvocada
o estalo o desbrago a explosão
no entulho da existência
acumulada
o antigo voltar das cegonhas
a haste crua da verdade
silêncio da alma na pele
que soa em estrondo a cidade
opção crua por instinto
o real facto aprendido
o sonho dos dias fendido
nos terramotos do engano
mãos de sal estendendo o mar
aos limites de um arcano
um deus um sol uma luz
nas urdideiras de amar
o estrado da segurança
o olhar queimado
o despenho
fere
sangra
e enfraquece
na aridez do engenho
fica o chão e a contraluz
o fio que cede esgarçado
o feio andar da promessa
o horizonte amarfanhado
o definhar do avesso
um intervalo inconfesso
a guerra saudade e a pressa
a palavra presa à trama
que não encontra a conversa
o inimigo que ama
a fala muda de altivez
o amor que o sonho não fez
estala
quebra
e assassina
qualquer vestígio de vida
no gene de acreditar
e os olhos secam
o vôo aterra
as mãos prendem o toque
do que resta em esquecimento
a sístole bate em deserto
no coração que calou
os lábios atacam sorrisos
treinados de resistir
e a terra hoje abrandou
as voltas de um por vinte e quatro
em movimento de acerto
num vasto nada a parir
amores de anfiteatro
tocam sinos a rebate
lembram vida nos abismos
em dois panos de muralha
peões das horas sem mate
p’la rainha que nos falha
no castro perdido em combate
e é na distância do fim que rimos
um adeus à lágrima que nos valha
Ana Vassalo
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