Mãe
Rasgo na manhã, notícia,
pasma o silêncio, estropício!
Um bloqueio na corrente
da ideia, em desalinho,
da percepção sem caminho,
tropel sem freio da mente.
Insustentável ruído,
abominável paragem
de um estrondo da alma ouvido,
de um dia que abortou viagem.
E a recusa balbucia, em negação,
lancinante o grito, no arrasto da ilusão.
Já depois, outro acordar,
de consciência sem lar,
num certo partir, que não é,
a morrer quase, de pé,
sem aterrar na verdade
que a manhã do silêncio invade
e de noite veste a razão...
Que se agarra ao coração
a retalho, sem compasso
e a somar tanto cansaço,
de ser só continuação.
Mas seguimento que é Gente!
Onde a vida, se esmorece,
lá permanece e pressente
que o tempo não conta idade:
há que insistir, mesmo ausente,
p’la viagem que não esquece.
E persiste, ancorada à teimosia,
entre um sopro de ansiedade
e outro de galhardia,
que há que ser mais que doente
para almejar ser poente...
E presa por fino elo,
num invencível duelo,
dá a mão à liberdade,
lado a lado com a vontade
despedindo a despedida.
Mulher, que em armas erguida,
já me antecipa a saudade,
por ser mais Alta que a vida!
Ana Vassalo
Mar-2009
Posted 15-06-2009
Origem das Imagens: fotos pessoais.
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