"Endless Road"
estrada
fui eu
quem inventou a flor e a árvore
nas alamedas tão nuas
que me eram cruas de invernos
eu
que expurguei a lágrima vã
de todo o sal que era a dor
e com ele me fiz mar
fui eu
quem arrancou novos futuros
da lâmina cortante dos dias
feitos somente de frio
eu
que construi cidades
no corpo de cada derrota
aprendida de rompante
fui eu
a lança cega e sem freio
que rasgou céus cheios de nada
e sangrou novas auroras a cada gota perdida
que ensaio danças na vida
com passos de a cortejar
e abandono sem descanso
a paz sacra das ausências
dos ermos silêncios da alma
e amores sossegados na penumbra
da rotina presa ao chão
eu
que visto asas de guerreira
e corto todas as fronteiras
rumo ao céu que me pertence
e sou eu
que me esquecia de mim
tornada em resto de quase sombra
quem hoje se ergue e agita,
a cada golpe de tempo
na manhã indecisa do outono que nos para,
o dia claro da esperança
que não sabe a rendição
sou feita de caminhar
tenho um nome e sou mais rua
na estrada que é por saber
mas responde ao som da Vida.
Ana Vassalo
27-09-2011 – 21:51Origem da Imagem: Google.sz.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentários: