FÉ
Eu sei
que a fé é somente a arte
de persistir no vazio
Aceitar o nunca visto
como prova do infinito
e acelerar na paragem
do passo que se recusa
Eu sei
dos tantos arbítrios que doem
a cada vontade presa
Das orações que não digo
por não te saber em palco
das peças que vão à cena
em actos que não escreveste
mas assinaram por ti
Eu sei
mas tenho a dúvida dos caminhos
uma tela em suspensão, ali,
entornada de parede
nas artes que não te pintam
Tenho esta estaca presa ao peito
que crava os fins na confiança
este olhar parado e pardo
assustado de verdades
que tantos recitam por ti
Tenho os mil dogmas que te explicam
arrumados, senão escondidos,
que não aprendo a sentir
E vagas de teoria
instituída em pecado
que não te fazem justiça
Tenho o que dizem os homens
sobre um deus que não decidem
E tenho esta dor cortante
que me fala em ti um mundo
onde às vezes sei a cura
Eu sei
que a salvação que nos prende
por um fio deste mundo
nada pagou à razão
e descansa nas trincheiras
do que não sabe lutar
Mas sabes...
É que o coração aprende
escusos caminhos de vida
e eu só sei do que não sei
quando nos olhos cego
a paz que é de ti imagem
e só tu sabes de mim...
E esta lágrima de rios
que não cansam de correr
o vale imenso da súplica
sabe a corrente de acreditar
E o futuro é a memória
do que há-de ser navegar
Ana Vassalo
13-Maio-2012 - 22:00
(Imagem: "Sunset Sailboat", Karen Tarlton, USA)
e acelerar na paragem
do passo que se recusa
Eu sei
dos tantos arbítrios que doem
a cada vontade presa
Das orações que não digo
por não te saber em palco
das peças que vão à cena
em actos que não escreveste
mas assinaram por ti
Eu sei
mas tenho a dúvida dos caminhos
uma tela em suspensão, ali,
entornada de parede
nas artes que não te pintam
Tenho esta estaca presa ao peito
que crava os fins na confiança
este olhar parado e pardo
assustado de verdades
que tantos recitam por ti
Tenho os mil dogmas que te explicam
arrumados, senão escondidos,
que não aprendo a sentir
E vagas de teoria
instituída em pecado
que não te fazem justiça
Tenho o que dizem os homens
sobre um deus que não decidem
E tenho esta dor cortante
que me fala em ti um mundo
onde às vezes sei a cura
Eu sei
que a salvação que nos prende
por um fio deste mundo
nada pagou à razão
e descansa nas trincheiras
do que não sabe lutar
Mas sabes...
É que o coração aprende
escusos caminhos de vida
e eu só sei do que não sei
quando nos olhos cego
a paz que é de ti imagem
e só tu sabes de mim...
E esta lágrima de rios
que não cansam de correr
o vale imenso da súplica
sabe a corrente de acreditar
E o futuro é a memória
do que há-de ser navegar
Ana Vassalo
13-Maio-2012 - 22:00
(Imagem: "Sunset Sailboat", Karen Tarlton, USA)
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