"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
************
"I am nothing.
I will never be anything.
I cannot want to be anything.
Apart from that, I have in me all the dreams in the world."
or...
"I am not nothing.
I will never be nothing.
I cannot want to be nothing.
Apart from that, I have in me all the dreams in the world."
(Álvaro de Campos in "Tabacaria")
LISBOA - Chiado
"Fernando Pessoa" by Lagoa Henriques. The place: "Café A Brasileira" (Brazilian Café) - 1905.
PLAYLIST TODAY
MUSIC IS THE PASSION REPORT
♥ ♥ ♥
PLAYING SOFTLY WHILE SOMEONE SANG THE BLUES
Saturday, Jul 22, 2017 - 17:57
SALVADOR SOBRAL - NEM EU [DORIVAL CAYMMI]
YouTube – "Salvador Sobral"
ANTONY HEGARTY + LEONARD COHEN - IF IT BE YOUR WILL [COHEN]
YouTube – "Oggmonster"
CHAN MARSHALL (CAT POWER) - I'VE BEEN LOVING YOU TOO LONG [OTIS REDDING]
YouTube – "anaruido"
JANIS JOPLIN - ME & BOBBY MCGEE [CHRIS CHRISTOPHERSON]
YouTube – "ThE DuCk"
JEFF BUCKLEY - LILAC WINE [JAMES SHELTON]
YouTube – "
roberta panzeri"
DAVID BOWIE - WILD IS THE WIND [JOHNNY MATHIS]
YouTube – "Peter Music HD"
_____________________
LEANING INTO THE AFTERNOONS by PABLO NERUDA
«Inclinado en las Tardes»
YouTube - "FourSeasons Productions"
CHANGING BATTERIES - OSCAR WINNING ANIMATED SHORT FILM
YouTube - "Bzzz Day"
DIALA BRISLY - A BEAUTIFUL YOUNG LADY
(a huge thanks to my daughter who e-mailed this video to me)
BBC Newsnight
«Syria is devastated by five years of war - and it's taken a huge toll on the country's children. Here's one woman - artist Diala Brisly - who is trying to make life that little bit more bearable for Syria's kids.»
Syria is devastated by five years of war - and it's taken a huge toll on the country's children. Here's one woman -...
I got here to hide. From equations and patterns. From repetition, after all.
Closed the door and got me a special place where I thought I could
somehow sit close to the stars. But I soon found out that the sky was
still opaque, no matter what the steps. And so I left. Again.
I thought, then, I could build me a different ceiling, a new-coloured scrap
of highness. And then make it work. Where I could dream, more than I sleep.
I have long decided that sleeping is overrated - that I know for sure. So I
take that time instead to travel the night alone and in the meantime I allow
myself to fly, unlike stated before... Yes, I like playing with paradox, to
expose the inside of words and the revelation of writing down the voice of a
silence. My adventurous, ever-walking silence.
So I came back. Here, within this quiet world, I intend to gather all my
things usually kept hidden or inactive. They are here to speak.
And since the future is a stand-by secret, I want to live by a precocious
clock, at every running instant of every entering second.
And I will not slow down until my "future exists now" - kind of reverse
quoting Jacob Bronowski.
Ana Vassalo in my site "CAFEÍNA"(former "No Flying Allowed")
Nov 11, 2010 - 11:54
mundo em revista por
dentro, um cigarro e um gin,
casino na contramão. multidão ao largo, eu aqui, no além
dos retiros que viajam parados, depois caminho de
rasgo que sitia o peito e desfere a largada. piano, sax e
guitarra, em solitude que
afaga a voz que alerta a
deriva. não sei das gentes
que amainam ao estrondo vibrado
em palavra, desconheço a
concordância edital dos fins de
dia, do que faz bem nos
apegos de tanta tarde
afixada. sabe bem
não te ter aqui. criar-te é tão
mais além desse país de
conforto... roteiro planetário, no vago do percurso que não se mostra, como aberta de
impulso no longo tempo
regular. respiro mais fundo, tão longe das
ausências que se explicam. fico assim, sediada no findar de cada
verso, como abraço que te encontra a
começar. sou isto, contratempo do lugar
esperado, curso retomado das praias em
poente. sei-te música do
pulsar infindo que silencia a noite
eterna em que me dispo de
mim, sequência de
interlúdio emboscada nas
manhãs. há campos ilesos em
ti, no sonho que alarga
as avenidas em searas de ouro e
memória. e então sei que sou muito mais
que este fundo
oceano em mim e prolongo o raro
chão que me sustenta até ao centro de
uma terra colhida em nós. sei que não digo. mas sentir é
palavra quieta em parto incerto, que não sabe onde
nascer. o cigarro morre de
espera e a canção
que vence o frio
atirada contra a morte
passa, a cada lugar que se
conhece amor. volto a casa
carregada de céu. estrela da noite em
cruzada, asfalto de luz
em sabor.
É da tua mão que eu preciso
agora. Há momentos, sabes, em que me sinto tão cansado, todos estes dias cheios
de palavras que me fogem. Então penso em ti (...) Mas é da tua mão que eu
preciso agora. Há momentos em que me farto de ser homem: tudo tão pesado, tão
estranho, tão difícil. Eu vou tendo paciência e no entanto, às vezes as coisas
magoam, há ideias que entram na gente como espinhos. Não se podem tirar com uma
pinça: ficam lá.É então que a cara
principia a estragar-se e a gente
dizem
envelhece.
(...)
Gostava
de sorrir assim. Experimentei ao espelho e não é igual. Quer dizer, a boca
curvou-se mas os olhos ficaram fixos, duros. Deixei de sorrir e enchi a cara de
espuma da barba, até ser apenas nariz e olhos. Então sorri outra vez e os olhos
acharam graça e mudaram. Os meus olhos sérios olhavam para os meus olhos
divertidos. Pisquei o esquerdo e o espelho piscou o direito. Lavei a cara,
apaguei a luz, saí.(...)
E
pronto, é tarde. Em chegando ao fim da página acabou-se. Ponho a tampa na
caneta, os cotovelos na mesa e fico a observar a parede. Nem vou reler isto,
mando tal e qual. Prefiro observar a parede, deixar-me impregnar devagarinho
pela essência das coisas. (...)
Se
calhar amanhã telefono-te. Ou regresso ao romance na teimosia dos cães. Penso:
nem que deixe a pele nele hei-de conseguir acabá-lo. (...) Leio a última frase,
continuo. Só por um bocadinho de nada, antes que continue, importas-te de tirar
as batas do carro?
Importas-te
de me dar amão?
É
da tua mão que eu preciso agora (excertos que escolhi) in «Segundo Livro de
Crónicas».
Eu gostava de ser chuva, e arrastar, confundindo, toda a água que é das lágrimas. E do sal que lhe restasse, construir esse mar-chão, casa da dor que se lava em descanso, às cinco da tarde de um rio poente alentejano. Como criança, beijando arco-íris no vento, tão sábia de paraísos.
Que nos cravam a ferro e
fogo pela vida, sem que o suspeitemos, sequer, no momento de
acontecerem.
Há uns largos anos,
costumávamos nós, em fim de dia e religiosamente, reunir-nos em
molho numa chafarica rústico-chique das Amoreiras: O Português. Lá
pelos anos de 96 a 99 e até ao momento em que, por fim, após
catorze anos, mudámos de instalações. E eu fui penosamente forçada
a abandonar aquela imensa janela, tão bonita, mesmo em cima da
barriguinha da torre, que todos os dias me enchia o ombro de Tejo.
Perdas... Menores, embora, mas tão significantes.
Ora, retomando,
tratava-se, então, de um grupo insano, que contava com muitos
gestores de conta (comerciais), o director comercial da área Banca,
e ainda uns tantos managers – administrativo, marketing, recursos
humanos, contratos e créditos (eu) – e mais umas quantas meninas
- telefonista-recepcionista, secretárias de direcção, assessoras
de marketing ou de vendas, e, como já se viu, eu própria - o que
perfazia umas cinco, seis mulheres, e no total uns doze, quinze
membros, talvez – a coisa era flutuante, nem sempre estávamos
todos.
Um grupo que cresceu
contra-corrente nos “bons costumes” empresariais, de gente muito
jovem e gente mais quarentona e cinquentona, que conseguiu, por
exemplo, transformar a chatice dos jantares de natal em algo
absolutamente inesquecível, ano após ano.
Fechávamo-los sempre na
noite de Lisboa e, quantas vezes, com a administração agarrada, que
acabámos por converter também, incluindo visitantes da
estação-boa-vontade, como americanos, alemães, austríacos.
Lembro-me que, no início das hostilidades, eles ficavam um pouco
embaraçados e confusos com aquela mesa de jantar diferente, a nossa, e o caos que
ali se armava mas... depois de uns quantos pratos bem regados e o
charuto da ordem, tudo se compunha e a diversão sobrevivia e vencia.
E lá pelo fim do jantar, acabavam por se juntar muitos colegas de outras mesas, em rodinhas concêntricas em volta da nossa, para sessão continuada de anedota e uma chinfrineira inenarrável, vagamente aparentada com música, antes de sairmos para a noite.
Chamava-se, então,
o nosso bendito grupo, BancúMelo (a Banca era a nossa dor de cabeça número dois, e o
Banco Mello, ex-UBP, pareceu-nos o mais sonoro para adaptação), a quem, necessariamente,
arranjámos uns estatutos, e tudo, com o pomposo nome de ESTATUTOS
DO BANCÚMELO EM 10 PONTOS IRREVOGÁVEIS.
A grande maioria foi
cozinhada por mim, o Nuno Sá e o Zé Matias mas a colaboração e o
acordo unânimes deram-se, como se davam sempre. Lembro-me que um dos
pontos instituía a obrigatoriedade de ser “inequívoca e
irremediavelmente avariado”, e outro, a de ser cliente de
caipirinhas, caipiroscas, cerveja, alentejo, douro ou outros afins de
similar calibre, para aprovação de ingresso a novos membros. Ponto
mandatório era a ausência de manias hierárquicas, o que, de resto,
nem no trabalho se quebrava. Éramos, nos últimos anos, uma das
equipas multidisciplinares mais solicitada, aliás, e quase tudo o
que era projecto dor de cabeça – como a Central de Compras do
Estado, por exemplo, a dor número um... - era-nos assignado.
Dia e
noite, luta e gargalhada. E os laços crescem.
Portanto, se o fim de
tarde era a nossa “hora maluca”, com petisco de “Português”
associado, não raras, também, eram as vezes que ali íamos almoçar
para arejar ideias. E é aqui que começa a “minha” história
inesquecível.
Estávamos lá, no
pequenino 1º andar-galeria, cuja arquitectura desenhava um L e à
nossa direita a varandinha, com vista para o andar de baixo. A nossa
mesa situava-se no braço comprido do L e em frente, no outro braço,
logo depois da esquina e parcialmente encoberto por uma coluna, um
casal, em fim de almoço.
Um par lindíssimo. Quando se levantaram, e
ficaram ali, parados, frente um ao outro, constatámo-lo: ela, muito
jovem, vestida “executivamente” mas onde o gosto clássico se
associava a uns toques negligés, muito alta, cabelos enormes, e um
sorriso muito bonito mas que, sei lá porquê, me pareceu triste;
ele, bem mais velho, igualmente muito bonito, outfit de executivo a
condizer, olhando-a fixamente, sem sorrir.
Eu estava com o Nuno, o
Zé, o Fernando, qual deles o mais desbragado, e imediatamente
começaram os comentários: boss e secretária, arranjinho, tralala;
e eu, como sempre, do contra: vcs não têm vida, têm que inventar
filmes em todo o lado, vão-se catar, que comadres, etc, coisa que
invariavelmente acabava com o rótulo de madre Teresa dos aflitos
para cima de mim e que, sabiam-no de cor, me tirava do sério – já
que é público que nunca apreciei a personagem.
Mas é então que os
acontecimentos mudam. Estamos nós nesta acalorada discussão de má
e contra-má língua, quando o inesperado acontece. Sou eu que me
apercebo primeiro e fico estática, hipnotizada: eles estão ali, em
pé, abraçados, agarrados um ao outro como náufragos, a chorar
perdidamente.
Só estávamos nós, e eles confiavam na coluna para a
discrição. Toquei na perna do Nuno, ao meu lado, que não se
calava, e ele olhou. E olharam todos. E a perturbação instalou-se,
ombro a ombro com um silêncio sepulcral. Ela saíu, sozinha. Ele,
logo a seguir. E quando os meus companheiros de todos os dias deram
por si, já eu saía também, disparada e atabalhoadamente, mão a
tapar o rosto, rumo à casa de banho lá no fim do mundo. Lavada em
lágrimas.
Uma menina não chora,
assim aprendi pelo tempo. E assim segui, toda a vida, escondendo-me quando tinha
de o fazer. Não são muitas as surpresas que me desmontam, mas as
deste tipo, seguramente. Talvez fosse antecipação, quem sabe –
penso-o muitas vezes - do meu próprio caminho a acontecer, uns
poucos fins-de-semana depois, corria o ano de 97.
Em mais uma escapadela
a dois, lembro-me que estava eu, aconchegadíssima pela música,
num banco de um desses jardins belíssimos que povoam o meu Alentejo,
deitada, pernas flectidas, uma por cima da outra, auscultadores nos
ouvidos, livro em frente ao nariz, enquanto ele pululava por ali,
agarrado aos seus eternos hábitos de prospecção do terreno.
Estávamos em fim anunciado, por tantas razões, essas questões de
merda que o tempo se encarrega de tornar insuportáveis. E então,
assim, sem mais, lembrei-me deles, daquele par bonito, ao mesmo tempo
que Vitorino aparecia, de repente, trazendo à rádio aquela música,
belíssima, que sempre me arrepiou.
E foi aí que eu o olhei.
E soube, bem fundo dentro de mim, que os próximos seríamos nós.
Levantei-me, retirei os auscultadores do rádio e soltei-lhe o som.
Recordo que, ao levantar-me, ele me olhou, distraído primeiro,
atento depois, e que demos por nós a caminhar um para o outro, num
silêncio que tudo sabe. E depois, começámos a dançar, bem lentamente,
num abraço de carinho muito antigo, a nossa Queda do Império.
Quando a música se
calou, voltámos para Lisboa, sem pausas, que não as do silêncio. E
pouco, muito pouco tempo depois, para sempre se fechava um ciclo inesquecível, de
quase duas décadas vividas ao segundo, sem que o amor tivesse
acabado em nenhum dos lados.
Naquele dia, esse em
que desliguei de tentações o telemóvel, lembrei de novo um certo
casal, único, bonito e triste, cliente de "esquinas", que me arruinara compostura e almoço,
n’O Português. E entendi, como cristais.
Senti, sem espaço a
hesitação, que amar, amar muito, não chega.
Mas devia.
Ana Vassalo
Nov 24, 2014
Fazes anos, hoje... só
agora percebi, ao procurar a data.
José Carlos Pereira ARY DOS SANTOS Lisboa, Dez 7, 1937 — Lisboa, Jan 18, 1984
"POETA CASTRADO, NÃO!"
O guerrilheiro contra a censura. A palavra genial. Em lava. A guerra. A cidade. O amor.
Quatro temas escolhidos da sua vertente lírica. Que amo.
__________~~~__________
LUANDA COZETTI (Rua da Saudade) - DIZER QUE SIM À VIDA
« ... E se não for verdade, tudo o que nós dizemos, tudo o que nós sentimos também não é saudade. Por isso é que nos rimos.»
YouTube - "Fredinho"
MARISA PINTO (Donna Maria) - SETE LETRAS
«... Esta palavra saudade sabe a sumo de limão, tem o travo da amargura que nasceu no coração. Ai palavra amarga e doce estrangulada na garganta, palavra como se fosse o silêncio que se canta...»
YouTube - "jdbarros"
SUSANA FÉLIX (Rua da Saudade) - CANÇÃO DE MADRUGAR
« ... Dei do meu sonho uma corda de insónias, cravei meus braços com setas, descobri rosas, alarguei cidades e construí poetas. Mas nunca te encontrei na estrada do que fiz... ...
Então, nem choros nem medos nem uivos nem gritos nem pedras nem facas nem fomes nem secas nem feras nem ferros nem farpas nem farsas nem mal!»
YouTube - "Farol Música"
MAFALDA ARNAUTH & LUANDA COZETTI - CANÇÃO DO TEMPO
«... Tempo, para o relógio bater certo com a vida de um homem bom, de um homem são, de um homem forte, e da chegada conseguir fazer partida...»
«His film career included such acclaimed films asThe World According to Garp(1982),Good Morning, Vietnam (1987),Dead Poets Society(1989),Awakenings (1990),The Fisher King (1991), andGood Will Hunting (1997), as well as financial successes such asPopeye (1980),Hook(1991),Aladdin(1992),Mrs. Doubtfire(1993),Jumanji(1995),The Birdcage(1996),Night at the Museum(2006), andHappy Feet(2006). He also appeared in the video "Don't Worry, Be Happy" byBobby McFerrin.
Nominated for the Academy Award for Best Actor three times, Williams received the Academy Award for Best Supporting Actor for his performance in Good Will Hunting. He also received two Emmy Awards, four Golden Globe Awards, two Screen Actors Guild Awards and five Grammy Awards»
Oh Captain, dear Captain...
I really don't know what to say now to you... As it is always the case when something bad happens to the ones I love. Everything seems false and added to me in times like these. And they say you did it to yourself... Did you? I get it, you know? Sometimes the pain is just too excruciating to be worth it. But I'm sorry... I am so deeply sorry...
See, some people are grand not because they want to and insanely work on it struggling for the perfect self image, but just because they exist, as they are, and that alone is an immense privilege for other people to get access to, in the sense that we all can benefit from the public approach to their special life and freedom knowledgeable (and yet seldom common) visions.
The moment this gifted person crosses our own colour spectrum we feel a certainty that rainbows are different, and many and diverse. And we know that they, these sun spreading beings, will forever stay: within heart, as they keep challenging our brains, messing with our emotions, enlargening the scope of our soul by making us re-think, analyse, disassemble; questioning everything, every tiny detail of each established convention. For making them re-shine, as they turn into new formulations, revived wings by new flying poems ...
Well, I say they stay. 'Cause they are home to us.
And yet they were never at our doorway, not even have we shared a bit of a common path, or exchanged a word, a written character, a smile from afar. But they enter our lives on a given praised second and we instantly know we'll never get to let them go.
In the meantime, life runs on its own and seems to know its way carved out of centuries' matter.
Until that certain day when darkness decides to show up at the regular scene of events and tear everything apart. And, for some unexpected reason, we're confronted with the obvious, something we tend to forget when facing them, the great, grand beings: they too, they die.
And for a while there we lose the ability to think. Not a shred of a thought, no consideration whether that is fair. We just feel that harm has permanently moved into our hearts. And we cry. For someone, some person we have never met. We cry. Because we feel the world has now acquired an extra bit of its infinite emptiness.
Or not, if we're sure some of them, the best, will never leave us. Truth is they don't.
Hoje
acordei com ela, a minha querida Mila, no despertador da memória. E naturalmente, com
a música, aquela coisa espantosa que nos uniu desde logo e muito
cedo. Das melhores memórias de infância e adolescência que
conservo, é ela quem está sempre presente. Tenho pena que não
queira nada com o facebook, pela possibilidade que nos daria de nos
sermos mais presentes. Ou talvez não, afinal, ela decide e sabe o
que faz, e decide que não quer nada com a net que não seja
estritamente profissional ou informativo - tal como eu, de resto,
durante anos a fio, mas que acabei por quebrar. Ela sabe melhor,
comprovadíssimo.
E
somos nós quem perde, porque entre inúmeras outras coisas de acrescentado valor
genético que a compõem, é, sempre foi e continua a ser uma
mulher lindíssima. (Ouviste?, bom.) Lembro-me que os meus amigos,
os mais bonitos – chatice!... –, sempre que ela vinha ter comigo
a Lisboa, faziam paciente e literalmente fila para ser
apresentados.
Mais
tarde, o mesmo se repetia com os meus colegas de trabalho dos
primeiros tempos. Recordo, em momentos certos, começarem a
caracterizá-la descrevendo-a algures por ali entre Candice Bergen e,
depois, Michelle Pfeifer, e, por curiosa que soe a síntese,
um rápido olhar confirma-o sem margem para dúvida. Um orgulho imenso para mim, portanto, que a
adorava!
Ela
e a minha mãe sempre tiveram uma relação muito especial, de grande
cumplicidade, e eram, são, muito semelhantes em tudo, mas
especialmente em aparência. Logo, quando se juntavam, por essas
alturas e aí por essas lojas, a escolher tecidos como tanto
gostavam, era sempre ela a filha e não eu, aos olhos dos empregados
zelosos que nos atendiam esforçando-se por agradar. Lá desfaziam o
engano, as duas, e eu perdia-me de riso com a atrapalhação que se
seguia. Sempre achei que tinha algo a ver com aquela cor de olhos
incrível, que ambas têm e que muda com os dias, ora de mel
transparente ora de verde claro, lindíssimas, uma e outra, de muitas
maneiras possíveis e até impossíveis.
Trocávamos
tudo, lembras-te? Era coisa de euforia, mesmo: discos, livros,
colares, maquilhagem, roupas, perfumes, e o que mais se inventasse. E assim
criávamos novidades para nós, assassinando de raiz mal-vindas
rotinas.
Recordo,
tantas vezes, aquele dia diferente, de uns quantos de semelhante
actividade, em que fomos para a Baixa às compras, em horário
pós-aulas muito cuidadosamente combinado já que tínhamos hora de regresso marcada, e cada uma escolheu um casaco: tu um
midi, eu um maxi, qualquer deles declaração de guerra dos cem
“dias”, ao tempo, especialmente quando cobriam a fatal mini-saia
– que é como quem diz, de seguida fatalmente vítimas do lápis azul caseiro - e
que vieram já vestidíssimos da loja.
Mas, lá está, por pouco
tempo: dois ou três minutos depois, em plena rua, e olhando-nos
mutuamente de alto a baixo, estávamos a trocá-los entre nós em
puro desatino de gargalhada, numa alegria que desceu indiferente e
confiante aquela Rua Augusta de um dia de sol ruidoso e bonito, rumo
ao Tejo. Andavas lá pelos 17, eu pelos 14, não sei bem mas por aí
– lembro que tinhas acabado de entrar para o Charles Lepierre para
fazer o Francês e me falaste dele, o teu marido ainda hoje, meu
primo “adoptado” na hora e carregadinho de charme e classe, das
melhores pessoas que a vida me tem apresentado.
Por
alturas dos meus 12, tinhas começado a levar-me contigo às
festinhas dos teus amigos, que tinham uma banda a que não consigo
lembrar o nome mas de que recordo dois elementos, o Eduardo (bateria)
e o Mário (guitarra e líder da banda) . Sendo eu tão “pequenina”,
aquele teu mundo fascinava-me. Dançámos e cantávamos juntas tudo o
que havia então para dançar e cantar, e quando me “roubavas” o
velho Sony pequenino e a bobines (!), eu sabia que vinham por lá
grandes novidades, pelo que nada me dava mais prazer que deixá-lo ir.
Nunca te disse mas, mesmo depois da nossa maquininha cantante se
baralhar com os sons, nunca desisti dela apesar de ter que me
sujeitar a passar a ouvir a Nina Simone e a Miriam Makeba como que em
fast forward. Coisas de miúda, claro, mas sabes, aquelas eram as
minhas memórias fantásticas contigo.
Nem
sempre o tempo, a vida ou o feitio, este que tenho e que é mais
defeito do que estilo, me deixam expressar o quanto sinto por quem
sinto. É por isso que a escrita é tão amiga. E hoje lembrei-me
tanto de ti, que, apesar de não andares por estas paragens, não
quis deixar passar o impulso uma vez mais. E venho agradecer-te.
Obrigada,
minha querida, pelo tanto que me deste, pelo mundo que me
ensinaste. E muito também, por essa irmã, igualmente especial, que
mais tarde nos veio fazer companhia, a nossa menina tão pequenina.
Pela
cumplicidade sempre alerta, as escapadelas para vivências além da
minha idade que patrocinavas, como as sessões de cinema para faixa
etária não autorizada, os livros, as saídas breves e em escolta, quando “lhes” dava
para me atribuir talentos que nunca detive, como o de “segurar
velas”, e que acabávamos por transformar mesmo em festa, do mais
divertido que a invenção traz agarrado.
E depois, a disponibilidade
para me aturares, a chave do ginásio que usavas tantas vezes para
que eu pudesse ir soltar a vertigem de energia que sempre me foi
velha companheira – foi numas férias contigo que parti o dente,
lembras?, a conquistar alturas ao labirinto metálico do parque
infantil - os torneios de ping pong a duas, as tardes privadas de
basket, o tanto mar que partilhámos, já que as minhas saídas
eternamente controladas tinham em ti salvo conduto parental - como que em reciprocidade vigilante, achavam eles, ahah.
Pelo
incrível sorriso de inocência e descontracção, enfim, que tinhas
sempre guardado para me receber, quando os tempos começaram a bater
forte ainda antes, muito antes, de eu os poder entender, menos ainda
descodificar. Pela música, pela dança, pelos discos trocados. Pelas
brigas de criar bicho, pelas horas de “sisudo” ou de “morri”
que acabavam em estrondo de gargalhada. Pelo mundo criança que éramos
e somos ainda, prima, sempre que nos juntamos.
Obrigada, muito e ainda, por esse
teu filho tão especial. Que prolonga esta cumplicidade fraterna, de tão
iguais que somos também, e faz o favor de nunca me esquecer, de me
ser presente como tão poucos o são na minha nova vida de
restrições, e de, declaradamente, me adorar, tanto quanto eu a ele.
Esse
tal que dizem difícil mas a que só conheço o lado doce, o sorriso
de luz, a verdade do seu inesgotável entusiasmo, a inteligência e
essa insana esperança que o guia, e que, juntas, lhe tornam em
sucesso tudo o que toca: a força que nunca o deixa cair por mais
longe que o futuro se apresente. E depois, o gosto imenso que
expressa em vir periodicamente “raptar-me”, deste meu crescente
auto-isolamento, para almoços de horas sem fim, com feijão preto,
farofa, baked potato, a picanha só porque vem junta, enfim, e um
desfile de caipirinhas para ele e caipiroskas para mim, que tornam as
tardes tão claras e simples, e sempre junto ao mar que nos é casa.
Almoços de criar memória sem tempo, que me deixam em permanente
saudade do futuro.
É
o lado que lhe conheço, o bom, incondicional, com sobrecarga de
afectos bonitos. Tenho de te agradecer, tanto, por isto também, Mila. Sabes,
sempre que o Dartacão aparece no meu mural do facebook, é por ele,
e pela imagem que tenho daqueles olhos verdes lindíssimos e meninos,
quando lá pelos cinco anos o cantava desatinadamente, qual bardo do
Astérix. Meu menino querido, tão pequenino e bonito, que guardo
sempre no bolso da felicidade. E cavaleiro andante, defensor da minha
menina, na primária, onde ele era o mais novo mas nem por isso menos
valente.
Obrigada,
pelo amor. Por serem família sempre, por mais que o tempo e a vida o
queiram contrariar.
Viva,
então, a festa que partilhámos tantas vezes, na mais acelerada
alegria que só a inocência conhece. E a primeira que escolho não
é por acaso: cantávamo-la juntas, sozinhas em casa, música aos
berros de virar cidades, dançando os farrapos só porque sim. E
tudo, depois, ficava tão mais fácil, não era? Bem precisávamos.
Crescer aquele tempo não foi, definitivamente, fácil. Não foi,
prima. Foi de loucos, como tantas vezes gritámos de raiva. Ser
menina era pecado a menos que bem trancada em casa. Tudo nos era
proibido, desde que exterior: o ginásio, a piscina, o cinema, o
café, tudo, só porque “rua”, já para não falar da noite, o
maior tabu – foi preciso casarmo-nos para podermos conhecer a “rua”
depois do sol cair, sem escolta policial ou, alternativamente, sem batota.
Tudo
tinha de ser conquistado em fuga, às escondidas. Bem o soubémos e
sentimos mas fizémos questão declarada e activa de o ignorar e
afrontar vezes sem conta, o mais que conseguíamos e o engenho e arte
nos sugeriam, com os respectivos, “dolorosos” custos associados.
Nada que nos vencesse, de resto.
Hoje
é para ti, minha querida.
Beijo
grande e bem redondo nesse rosto tão bonito.
E
‘bora lá virar a mesa, como tantas vezes fizémos, de tantas
maneiras simples – ou assim parecem, hoje... Mas eram, ainda que o
tempo frouxo e hipócrita as desvirtuasse. Tão simples e
inofensivas, tão proibidas de raiz...
E
nós, de armas às costas! :D
STEVE WINWOOD & THE SPENCER DAVIS GROUP - KEEP ON RUNNING
A loucura, a catástrofe, o fim do mundo em gritaria! ;)
YouTube: "PanpanCucul"
MIRIAM MAKEBA - MAMA AFRIKA
Procuro há séculos o Kumbaya, na sua versão, mas não consta. Fica este video, porque tudo nela vale. E vale mais.