NETOS

NETOS

JOÃO - MARIA ANA - PEDRO

JOÃO - MARIA ANA - PEDRO

REMARKABLE PEOPLE



FERNANDO PESSOA

(Lisboa, 1888 - 1935, Lisboa)


"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


************
"I am nothing.
I will never be anything.
I cannot want to be anything.
Apart from that, I have in me all the dreams in the world."

or...

"I am not nothing.
I will never be nothing.
I cannot want to be nothing.
Apart from that, I have in me all the dreams in the world."


(Álvaro de Campos in "Tabacaria")




LISBOA - Chiado

LISBOA - Chiado
"Fernando Pessoa" by Lagoa Henriques. The place: "Café A Brasileira" (Brazilian Café) - 1905.

PLAYLIST TODAY




MUSIC IS THE PASSION REPORT



♥ ♥ ♥


PLAYING SOFTLY WHILE SOMEONE SANG THE BLUES



Saturday, Jul 22, 2017 - 17:57





SALVADOR SOBRAL - NEM EU [DORIVAL CAYMMI]



YouTube – "Salvador Sobral"





ANTONY HEGARTY + LEONARD COHEN - IF IT BE YOUR WILL [COHEN]



YouTube – "Oggmonster"





CHAN MARSHALL (CAT POWER) - I'VE BEEN LOVING YOU TOO LONG [OTIS REDDING]



YouTube – "anaruido"





JANIS JOPLIN - ME & BOBBY MCGEE [CHRIS CHRISTOPHERSON]



YouTube – "ThE DuCk"





JEFF BUCKLEY - LILAC WINE [JAMES SHELTON]



YouTube – " roberta panzeri"





DAVID BOWIE - WILD IS THE WIND [JOHNNY MATHIS]



YouTube – "Peter Music HD"







_____________________


LEANING INTO THE AFTERNOONS by PABLO NERUDA

«Inclinado en las Tardes»



YouTube - "FourSeasons Productions"






CHANGING BATTERIES - OSCAR WINNING ANIMATED SHORT FILM



YouTube - "Bzzz Day"





DIALA BRISLY - A BEAUTIFUL YOUNG LADY

(a huge thanks to my daughter who e-mailed this video to me)



BBC Newsnight

«Syria is devastated by five years of war - and it's taken a huge toll on the country's children. Here's one woman - artist Diala Brisly - who is trying to make life that little bit more bearable for Syria's kids.»

Syria is devastated by five years of war - and it's taken a huge toll on the country's children. Here's one woman -...

Publicado por BBC Newsnight em Domingo, 20 de Março de 2016






A JOURNEY BACK TO ENDEARMENT

A JOURNEY BACK TO ENDEARMENT



FLYING A SECRET



I got here to hide. From equations and patterns. From repetition, after all.
Closed the door and got me a special place where I thought I could
somehow sit close to the stars. But I soon found out that the sky was
still opaque, no matter what the steps. And so I left. Again.

I thought, then, I could build me a different ceiling, a new-coloured scrap
of highness. And then make it work. Where I could dream, more than I sleep.
I have long decided that sleeping is overrated - that I know for sure. So I
take that time instead to travel the night alone and in the meantime I allow
myself to fly, unlike stated before... Yes, I like playing with paradox, to
expose the inside of words and the revelation of writing down the voice of a
silence. My adventurous, ever-walking silence.

So I came back. Here, within this quiet world, I intend to gather all my
things usually kept hidden or inactive. They are here to speak.

And since the future is a stand-by secret, I want to live by a precocious
clock, at every running instant of every entering second.

And I will not slow down until my "future exists now" - kind of reverse
quoting Jacob Bronowski.


Ana Vassalo
in my site "CAFEÍNA"(former "No Flying Allowed")
Nov 11, 2010 - 11:54




THE WALK OF TIME

THE WALK OF TIME

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

FILHA



















 Photo by David Evenson



19 de Outubro

Um dia de maravilhas, hoje como antes, que me traz os ombros carregados de sol.
 
 
 
Caminho da Manhã

… Segue entre as casas e o mar até ao mercado que fica depois de uma alta parede amarela. Aí deves parar e olhar um instante para o largo pois ali o visível se vê até ao fim. E olha bem o branco, o puro branco, o branco da cal onde a luz cai a direito. Também ali entre a cidade e a água não encontrarás nenhuma sombra; abriga-te por isso no sopro corrido e fresco do mar. …
Depo
is desce a escada, sai do mercado e caminha para o centro da cidade. Agora aí verás que ao longo das paredes nasceu uma serpente de sombra azul, estreita e comprida. Caminha rente às casas. Num dos teus ombros pousará a mão da sombra, no outro a mão do Sol. Caminha até encontrares uma igreja alta e quadrada.
Lá dentro ficarás ajoelhada na penumbra olhando o branco das paredes e o brilho azul dos azulejos. Aí escutarás o silêncio. Aí se levantará como um canto o teu amor pelas coisas visíveis que é a tua oração em frente do grande Deus invisível.

__Sophia de Mello Breyner Andresen, in Livro Sexto





David Attenborough - What a Wonderful World
(Louis Armstrong)


YouTube: "The Madrid Birder"



Ana Vassalo
on facebook too,
Oct 19, 2015

 

SÃO CARDOS, MEUS SENHORES...






 
Traduzindo: os pacientes têm de estar incapacitados permanentemente para o trabalho, e com previsão clínica de ficarem em situação de dependência, ou de morrerem (!), em três anos. (1), para, de acordo com a nova lei, poderem ter acesso à pensão especial para pacientes de doenças incuráveis...
___________
 
 
 
Terror até ao fim. Ajustes de última hora a roçar a delinquência. E no entanto, tudo isto tem apoiantes.

Por isto e tanto como isto, penso, cada vez mais, que o que fazia toda a falta a estes jovens governantes e apoiantes de direita, que nasceram em democracia e acham que ela brotou de um campo semeado de bandejas, seria, no pleno da sua idade produtiva, de sonhos, projectos, independência, família, a obrigatoriedade de vivenciarem tudo isso sob o chicote de uma ditadura. Mas uma ditadura rigorosamente igual - nem um presídio a mais nem um requinte de tortura a menos - àquela que nos arregimentou durante meio-século, com a cereja de uma comissãozinha no "ultramar" durante dois anos, quando a barba do forçado combatente ainda mal desponta, ali, valente!, a matar para não morrer.

E então, sim, pronunciarem-se e agirem à vontade, como hoje fazem e a Democracia lhes proporciona, ao mesmo tempo que tão descontraída e activamente laboram em manobras para destruir o maior dos privilégios que herdaram, a que nem sonham o preço e se apressam a reduzir a livros de estórias para velhotes: a Liberdade.

Um preço que foi pago em vidas completamente destruídas, famílias inteiras, em miséria, analfabetismo, fome. E, em tantos casos, pago em mortes, que hoje se desvalorizam e apagam pelo esquecimento.

Algo que parece interessar pouco ouvir, bem sei, convencidos que se querem de que os tempos são outros. E são. São sempre, até deixarem de o ser e a pior das repetições se instalar por fim, comodamente recostada em apoios supostamente inequívocos e informados.

Pena que o único senão, cujo peso não convida, é que não seriam esses, que o merecem porque o procuram, os únicos afectados pela experiência "pedagógica", sendo que, de ditadura, já nós, todos os outros que rejeitaram aprendizagens aprovadas em tácticas de rastejamento, temos conta mais que suficiente para os próximos milénios de gerações.

Inconscientes meninos, delinquentes governativos que brincam às casinhas como quem joga monopólio com a vida de um povo...

E curiosamente, considerados que sejam os c. de 37% de apoiantes, atentemos a que apenas 0,1% dos 10,5 milhões de portugueses correspondem a detentores de fortuna (com património acima de 1 milhão de euros) e cujo posicionamento à direita, aqui sim, se torna compreensível, já que o instinto a todos aconselha a luta pela "sobrevivência". Não se afigura muito lógico que uma comissão de milionários, se confrontada com o assunto, escolhesse massivamente votar por sindicatos contra patrões, e no entanto, o contrário, uma legião de tesos (mesmo que em termos relativos, note-se) a votar por quem os reduzirá à miséria na primeira oportunidade já parece fazer todo o sentido.

Fica para a posteridade, destes inexplicáveis tempos lusos, a conclusão inevitável de que existem, realmente, fenómenos que não se explicam. A menos que a lógica nos empurre para uma validação em foro adequado, ou seja, na via dos insondáveis mistérios do masoquismo.

E por mais voltas que se dê à matéria, temos pena, é disto mesmo que se trata. E é isto que se joga para futuro.
 
 
Ana Vassalo
(on facebook too,
Oct 22, 2015)
 
 
 
(2)  Governo PSD/CDS altera drasticamente pensões por invalidez
Decreto-lei publicado esta terça no Diário da República, num momento em que o país discute qual será o futuro governo, vem dificultar gravemente o acesso à pensão especial de pacientes de doenças incuráveis como Alzheimer, doenças cancerosas ou sida, entre outras.
 

(1) e (2) in
 
http://www.esquerda.net/artigo/governo-psdcds-altera-drasticamente-pensoes-por-invalidez/39227


sábado, 3 de outubro de 2015

VAMOS AOS VOTOS ?

 
 
 
 
 
 
Vamos pois! 
 
E sem missão "utilitária", a não ser a intrínseca à própria circunstância de votar.
 
Apostar na diferença, em novos curricula, que merecem uma hipótese de comprovação, ao mesmo tempo que se recuperam convicções - as nossas, no acto de votar. E a esquerda apresenta-se com boa margem para escolha, com o Bloco de Esquerda renovado e reabilitado, o Livre a sugerir confiança, o  PCP a ganhar, claramente, novos eleitores.
 
Mudar, sim, até mesmo porque se demonstra difícil fazer pior que o disponibilizado por familiares e habituais alternâncias, sem que se lhes reconheça alternativa - ou trabalho sério, ou resultados.
 
'Pra melhor está bem, está bem, pra pior já basta assim.'
 
É preciso virar tudo. Do avesso, de pantanas. Já.
 
Votar pelo que se quer, em resposta ao que nos fazem crer e ousam mandar querer.
 
Tem de ser.
E Vai Ser!
 
 
No entretanto, já nos tiravam este *pre-sidente do caminho... Sim, que ninguém merece.




Ana Vassalo
Out 3, 2015


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

PORTUGAL - AYLAN KURDI CARAVAN





Foto: in página Aylan Kurdi Caravan no facebook

https://www.facebook.com/AylanKurdiCaravan?fref=ts




Porque há sempre alguém que diz Vida.

(E a Urbanos, como seria de esperar, intervindo activamente. Grande Alfredo!)
 
 
 

«Há 40 toneladas de solidariedade portuguesa para entregar aos refugiados sírios»

 
 
 
in VICE (texto e fotos)

Setembro 17, 2015

Por Sérgio Felizardo


«Enquanto as engomadas e cheirosas altas esferas da União Europeia continuam a alimentar o espectáculo absurdo da falta de entendimento sobre como gerir politicamente, ou geopoliticamente, ou lá o que seja, a enxurrada imparável de gente desesperada em fuga de um martírio sem fim à vista, em menos de uma semana a chamada sociedade civil portuguesa - ou seja uma rapaziada amiga com muitos contactos e iniciativa - mobilizou 150 voluntários em 30 locais do País e recolheu 40 toneladas de donativos para...simplesmente...ajudar.



A ideia inicial parecia simples, romântica quanto baste e, acima de tudo, prática e verdadeiramente útil. Volta-se costas ao ódio, medo e ignorância que por estes dias contaminam meio mundo em cada recanto do espaço digital, lança-se uma campanha relâmpago de recolha de donativos, agarra-se no que se conseguir, mete-se tudo em carrinhas e arranca-se em caravana para a fronteira servo-húngara para entregar directamente as coisas a quem delas precisa. Simples, certo?



Tão simples que, poucos dias depois de criar a página Aylan Kurdi Caravan no Facebook, esta rapaziada teve de montar um Centro de Operações improvisado em Alfragide, coordenar mais de uma centena de pessoas de Norte a Sul que foram criando pontos de recolha nas suas localidades, gerir todo o processo de criação de uma rota que os levasse a bom porto com todo o estabelecimento de contactos institucionais que isso representa, desde as ONG's no terreno, às embaixadas, consulados e o diabo a quatro, dividir, embalar, catalogar e carregar todo o material oferecido.  (...)



 
Pois é, nem a rapaziada esmoreceu, nem a tal Sociedade Civil claudicou e, tal como tudo no terreno - que a cada dia que passa se parece mais com um cenário de guerra - está em constante mudança, também a Caravana foi obrigada a reformular-se. As 15 carrinhas que estavam prontas para arrancar amanhã, sexta-feira, 18, transformaram-se em "dois ou três camiões TIR, devido à dimensão da carga que foi possível juntar e que já não era possível transportar no modelo que estava pensado", revela à VICE Maria Miguel Ferreira, uma das responsáveis pela organização da iniciativa. "Os veículos são cedidos por algumas das mais de 20 empresas que estão a ajudar-nos, serão seguidos por nós via satélite de forma a que consigamos alterar rotas no momento, se for necessário, e partem de Lisboa para Belgrado no sábado, 19", acrescenta.

 

Certamente, para desespero daqueles que alarvemente foram acusando os membros da Caravana de só quererem protagonismo, esta é uma solução menos "fotogénica", mas bastante mais, espera-se, "eficaz e capaz de atingir o propósito por detrás de tudo". Ou seja, como conclui Maria Miguel, "levar aos refugiados sírios, que neste momento estão num impasse terrível na Hungria, comida, roupa, brinquedos, produtos de higiene pessoal e vários bens de primeira necessidade".
Agora só têm de apanhar um avião para Belgrado, esperar que excepcionalmente a França deixe circular os camiões durante o fim-de-semana para que a viagem dure apenas três dias, confiar que todos os contactos que têm sido feitos no terreno, "principalmente com a Cruz Vermelha Sérvia", facilitem o trajecto e a chegada ao terreno, e que o processo de entrega das 40 toneladas de solidariedade tuga não seja perturbado pela desumanidade europeia.

Simples, não é? »



Ana Vassalo
Sept 18, 2015


quinta-feira, 30 de julho de 2015

ESCOLHAS




 
 
 
                    __art by Jindra Noewi, Naked woman
  

 
 
Pena que os machados cortem raízes, tantos e tantos dias a fio.
 
Mas um olhar encantado não esquece onde projectar mais uma floresta.
 
No entretanto, vou percebendo: há que ser nu contra o tempo; o futuro não se pede, toma-se.
 
  
 
 
Ana Vassalo
Jul 30, 2015


segunda-feira, 27 de julho de 2015

PORTUGUESE HORSES by TONY STROMBERG




The more time we spend in Portugal, the more we think we could easily live here !!! _ Tony Stromberg


 
 
 
DESCRIPTION QUOTES
(Combo photo sequence)
I. “The Portugal journey continues.... a young mare gets a bath at Coudelaria Vila Viçosa.”
II. “shot at Centro Equestre da Leziria Grande. Love the horses here!! We will definitely come back next year...”
 
III. “One of m favorite stallions in Portugal... his name is Zinfonico. Shot at Coudelaria Vila Viçosa. Just WOW....”
IV. “Another from the Portugal workshop... photographed at Coudelaria Vila Viçosa. I think this horse is named Destemido da Broa... such a beautiful country with such magnificent horses!!”
V. “Another magnificent stallion, photographed at Centro Equestre da Leziria Grande. Thank you again, Luis !!!!”
VI. “More from the Portugal workshop... 3 male horses having too much fun together !!! Photographed at ALCAINÇA RIDING SCHOOL near Lisbon.”
https://www.facebook.com/TonyStrombergPhotography/timeline
 
Ana Vassalo
Jul 27, 2015

terça-feira, 21 de julho de 2015

"EU AGORA QUERO-ME IR EMBORA".......

 
 
 
                     __ art by Dillen Le
 
 
 
 
Diz que sim.
Que me espatifei toda. Outra vez. E largamente, para não variar.  Num voo tão aparatosamente esbalhatante que só o desesperado grito de "valha-me deus" do meu querido pai ateu conseguiu que me levantasse.
 
É crónico, não falhará. Ocorrência mais que certa sempre que a cabeça se pensa caravela por águas fora do mundo. Vejo tão pouco na distância.
 
E depois há que continuar, o tornozelo ampliado de um lado, o joelho ao peito, do outro, o andar elegantemente manco, as negras  como mapa sem cor de rosas, e eu quase fora de combate mas colando as armas todas ao corpo. Que tem de caminhar sempre, sabe-se lá como e que é que isso interessa agora, para que outros continuem o exercício de respirar. Uma rotina cada vez mais interessante... Não gosto de desafios? Objectivo a exceder, sim senhor.
 
O labreguento engenheiro daquele milimétrico degrau é que podia muito bem dar a cara, que isto logo se compunha melhor, com a vontade épica que tenho de lhe dar uma carga de pancada sem tempo. Eu, pregadora de paz e amores, está bem.
 
E enfim, como dizer gentilmente o que me vai na alma? Que  estou na mais profunda trampa, atolada sim, e não sei como sair dela. Resta apurar se me interessa ir a algum lado, especificamente falando.
 
Dormir qualquer coisa é que me dava jeito agora. Dormir milénios, assim como um dia foi, ah que saudade de relógios com sono...
 
Menos mal.
 
História repetida, estórias sem fim.
Também nunca soube estar doente, nada de novo. Mas tenho ideia de que me convinha aprender. E com alguma urgência. Isso sim, seria de mais valor.
 
Bom.
Amanhã logo se vê.
Hoje é sempre cedo demais.
 
 
(AV)



Título:
Eu Agora Quero-me Ir Embora  ***
João dos Santos, João Sousa Monteiro

Editora:
Assírio & Alvim
Coleção:
Pelas Bandas da Psicanálise
Tema:
Psicologia
Ano:
1990


*** A história de uma menina que não falava......

quinta-feira, 2 de julho de 2015

CÓDIGOS DE ASA
































                                                                                     A finalidade da linguagem é combinar com
                                                                       os outros o modo de agir neste mundo.
 
                                                                                   -   Jacob Bronowski, matemático.




Há uns tempos férteis, certos de mar,
água em descoberta galgando os mundos,
enquanto outros, calcados em terra,
jazem na poeira fúnebre de um mau momento, que ardeu.

...
 
Havia um código
de emoção em sincronia,
uma certeza mútua de construção
de universos únicos, sem vizinhos.
A palavra fluía em segredos
e aquelas muito gastas
de verdades transitórias
amanheciam outras
por lugares velhos cúmplices,
onde a letra que foi primeira
se entendeu com a intrusão.

Brincava-se um novo alfabeto.

E às vezes guerras, todas de papelão,
os machados molde lego
que nada sabiam do golpe
e as pistolas carga de tinta,
que não aprenderam a ferida.
Então, a dor era uma criança
correndo o instinto, coragem sem rede.
Só conhecia o arranhão
de um acaso distraído
que a si mesmo se curava.
O teu joelho, o meu joelho.

Era um tempo de Vida,
tão nosso, com marca de água.
Um idioma privado,
rio cristal que não se pensa, solta a nascente.
Como alma antiga e errante,
que só naquela outra
a si própria se vai ler.

...

Não se pode trair códigos...
O céu perde a sua linguagem de alturas
e os pássaros trôpegos roubados de azul
para sempre tombam
mudos de frio.



Ana Vassalo
Jul 2, 2015


domingo, 28 de junho de 2015

PEDRAS




























na rua de baixo
onde o canteiro separa
pedras lançadas do ódio
qu’inda sonham fazer chão
há as que sobem caminho
e se acordam como pontes
numa calçada de vida
onde se talha o perdão.
 
 
e há outras … que não.


 
Ana Vassalo
Jun 25, 2015
 
 

sábado, 20 de junho de 2015

O FILME




Eu sei bem o q vou fazer. Vou para a rua e é já a seguir. Em velocidade. Arejar, aos berros dentro do carro, que isto assim não pode ser. Percebo, sim, que há um filme tragico-cómico instalado na minha vida. A rodar continuamente. Pois bem, vou matá-lo.
 
- Está lúcido, bem disposto. Tem dores na anca, estamos à espera do resultado da TAC - cabeça e anca. 
 
Eu aqui, à espera, horas e horas a fio, calada que nem um rato, à espera.
 
- Já coseram o golpe na perna mas está bem. Carregado de analgésicos, por causa das dores na anca. Mas com o resto dos exames e análises está tudo bem.
 
Em Setúbal. Desta vez foi para Setúbal, para me tornar a espera ainda mais completa, já que deixar a minha mãe aqui sozinha tanto tempo durante o dia está fora de questão.
 
Três chamadas, e sempre a TAC, aquela desclassificada que não fala nem por nada.
 
E por fim, o telefone.
 
- Então?! Estás bem?
- Já cá estou! O rapaz está vivo, ainda mexe. Não te procupes. 
 
Que bom, sempre aquele impecável sentido de humor.
 
- Tens noção do que nos fazes passar com tanta avaria?
- Não é de propósito, querida, são coisas que têm de ser feitas.
 
Uma árvore. O meu pai montou-se num escadote para aparar uma árvore. Lá bem em cima, pois claro. Aquele tipo de ideia brilhante que qualquer pessoa normal espera que o seu pai de 89 anos se lembre de maturar.

É.
 
Vou zarpar daqui antes de começar a partir uma cidade inteira. Isso. São coisas que têm de ser feitas.
 
Acabar com a reclusão, respirar fundo, topar com gente, ouvir ruído. Raios me afundem se eu não mato este filme de vez.
 
 

terça-feira, 9 de junho de 2015

TO SEE OR NOT TO SEE...

 
 
 
 
 
 
 
This is what I believe.
 
Yes, I really am a believer and that has always been my major strenght.
 
And no, I do not quit lightly.
 
But also, I am truly convinced that after a considerable amount of time, the heart and the mind should know when and who to believe.
 
The thing is  I am just unable to trust anyone who has repeatedly proven not to trust me.
 
Accordingly, I believe silence and distance  are the only means to deal with distrust.
 
True, I do speak my heart. And I mean well when I do it. But I don't expect to be always understood.
 
And if I'm not, once and again, I take it as the clearest sign of all. Additionally, I don't like to impose. And I strongly dislike to mess with anyone's peace.
 
So, I wish everybody well and leave.
 
This is me. I can't and won't be anybody else.
 
But I do keep on believing. In strange things, like paradox, utopia and many other similar nonsense.
 
Someday, somehow, good people will sit together and agree on the meaning of good. Hopefully.
 
In the meantime, life keeps moving on.
 
Smoothly.
 
But ahead.

No time for the undefined, no talent for the delay. Ran out of cigarettes...







Ana Vassalo
Jun 9, 2015


segunda-feira, 8 de junho de 2015

DOING GOOD...




NALA -
Some angels of the morning are up before the sun: Doug Dawson and Nala. He brought her to work one day and he's barely seen her since.
She sets her own schedule, decides who to see and when to see. Rides the elevator herself. Right or left, she knows.
And prescribes... affection.
 
Photojournalist: Jonathan Malat.

 

 
YouTube: "USA TODAY"




LILA -
Imagines, creates and makes things happen.
Funny, beautiful things. And tender.
A girl with a notebook and a soul. In color.
 
Alma García as Lila.
Written, animated and directed by Carlos Lascano.



 
YouTube: "Carlos Lascano"



Ana Vassalo
Jun 8, 2015



domingo, 31 de maio de 2015

DO ESQUECIMENTO



























Revelações.

Notícia de antiguidades, de um género mesmo muito antigo - quanta ironia.

Verdades de arraso, em tropeço e atropelo do acaso – a tradição ainda é. Vêm sempre ter comigo, assim, de raspão, e atiram-se-me à cara, como murro no estômago. Sem um frémito.

Mas coisas há que não precisamos de saber. Jamais. E que também não queremos saber. A custo nenhum, em tempo de vida.  Ignorantes até ao fim, podia ser? Nada de tão difícil, porra!

Não.

Minas. São essas coisas que ficam para aí, soterradas por décadas, até à destruição final. Em modo de espera e guerrilha, para que as pisemos em desaviso.

Não sei de nada, deus, não sei. Que espécie de burla multiplicadora entornaste, certo dia, na minha vida? Quantos patacos vale uma promessa de Vida? E a eternidade, compra-se ?

É-me urgente, sim, que alguma coisa de muito bom aconteça neste abortado hoje. Uma visita de algo aparentado com o BEM. Preciso desesperadamente de um pouco de luz, tem de acontecer.

Não posso, não quero deixar passar este dia com apenas isto a envenenar-me o resto da existência. Faz-me falta respirar um vestígio de inocência. Preciso de acreditar que acreditar não é, definitivamente, uma impossibilidade.


Ou é.

Nunca hei-de perceber esta óbvia necessidade que a vida tem de se tornar em tão reles anedota, uma vez demais.

Dia final, asco, o absoluto miserável.

Agora já sei do peso real que tem o céu. Mata, se o salto de desvio não for rigoroso.

O dia em que, por fim, entendi Bukowski, ao bater da perfeição: será possível gostar de pessoas?... Pior, medito: será humano gostar de pessoas?

Certo é dar de costas a virtualidades de vida, qualquer que seja o dress code eleito. A verdade que sai nua é mais do que suficiente.

 
E há o riso. Mas há também a demissão. Gritar, soar por aí a loucura de ousar estar vivo, até que me torne em descanso ou afonia. Ecoar um berro de desvio, o esquecimento que me traga, enfim, a implosão.


No apagão da verdade, janelas são acessório.

E o tempo é de raiz anacrónica. Não se toca. Age.

Só ele conhece o segredo mais escuso. E decide o mais certo instante para entregá-lo.



E no entanto, um inacreditável átomo de resistência paira ainda por aqui.

E lembro o dia, aquele em que alguém muito jovem me disse: - a Ana é um bocado do mundo. - E isso é bom ou mau? - céptica, para variar... - O melhor possível, acredite. 
 
 
Fim de reflexões.
 
É de um bocado de mundo que eu preciso agora. Um bocado fora de mim. Preciso do Esquecimento que só as boas almas podem emprestar. Da palavra certa do seu tempo.

 
 
Do BEM que resiste. E sobrevive.



                 Amanhã tem de ser verdade possível.

 
 
Era uma vez...


 
 
Ana Vassalo
Mai 31, 2015


segunda-feira, 18 de maio de 2015

GAIVOTA




Lisboa, gaivotas do Tejo, by Markus Lüske





Amália.
 
Hoje acordei com Ela.
 
E com O'Neill. Que não gostava de fado e - contam por aí - muito resistiu ao convite, cedendo apenas por Ela. 
 
Fado é Amália, também para mim. Com mais duas ou três excepções, somente e quase todas recentes - onde o fake mais mediático não cabe, não.
 
E hoje o dia começa assim, sabe-se lá se triste se cheio.
 
Somos isto, talvez.
 
Ou sou isto, certamente.
 
Criança, sentada no chão frente ao televisor, como que em fascínio de hipnose, mergulhava  num silêncio de prantos, ouvindo-a, a Ela, de um país bem longe saído de mim, que só partindo saberia do encontro.
 
Que pensava os mares dos muitos lugares da Terra, Gaivota sorvendo alturas de vento pela vida,  a Saudade de acontecer no futuro,  cais imenso de uma cidade em descoberta, onde voltar se fez destino.
 
Lisboa.
 
Do eterno retorno, a asa.  



Ana Vassalo
Mai 18, 2015



GAIVOTA
 
Alexandre O´Neill
 
 
Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.


 
 
AMÁLIA RODRIGUES - GAIVOTA
 
 
YouTube - "rodvr"