Traduzindo: os pacientes têm de estar incapacitados permanentemente para o trabalho, e com previsão clínica de ficarem em situação de dependência, ou de morrerem (!), em três anos. (1), para, de acordo com a nova lei, poderem ter acesso à pensão especial para pacientes de doenças incuráveis...
___________
Terror até ao fim. Ajustes de última hora a roçar a delinquência. E no entanto, tudo isto tem apoiantes.
Por isto e tanto como isto, penso, cada vez mais, que o que fazia toda a falta a estes jovens governantes e apoiantes de direita, que nasceram em democracia e acham que ela brotou de um campo semeado de bandejas, seria, no pleno da sua idade produtiva, de sonhos, projectos, independência, família, a obrigatoriedade de vivenciarem tudo isso sob o chicote de uma ditadura. Mas uma ditadura rigorosamente igual - nem um presídio a mais nem um requinte de tortura a menos - àquela que nos arregimentou durante meio-século, com a cereja de uma comissãozinha no "ultramar" durante dois anos, quando a barba do forçado combatente ainda mal desponta, ali, valente!, a matar para não morrer.
E então, sim, pronunciarem-se e agirem à vontade, como hoje fazem e a Democracia lhes proporciona, ao mesmo tempo que tão descontraída e activamente laboram em manobras para destruir o maior dos privilégios que herdaram, a que nem sonham o preço e se apressam a reduzir a livros de estórias para velhotes: a Liberdade.
Um preço que foi pago em vidas completamente destruídas, famílias inteiras, em miséria, analfabetismo, fome. E, em tantos casos, pago em mortes, que hoje se desvalorizam e apagam pelo esquecimento.
Algo que parece interessar pouco ouvir, bem sei, convencidos que se querem de que os tempos são outros. E são. São sempre, até deixarem de o ser e a pior das repetições se instalar por fim, comodamente recostada em apoios supostamente inequívocos e informados.
Pena que o único senão, cujo peso não convida, é que não seriam esses, que o merecem porque o procuram, os únicos afectados pela experiência "pedagógica", sendo que, de ditadura, já nós, todos os outros que rejeitaram aprendizagens aprovadas em tácticas de rastejamento, temos conta mais que suficiente para os próximos milénios de gerações.
Inconscientes meninos, delinquentes governativos que brincam às casinhas como quem joga monopólio com a vida de um povo...
E curiosamente, considerados que sejam os c. de 37% de apoiantes, atentemos a que apenas 0,1% dos 10,5 milhões de portugueses correspondem a detentores de fortuna (com património acima de 1 milhão de euros) e cujo posicionamento à direita, aqui sim, se torna compreensível, já que o instinto a todos aconselha a luta pela "sobrevivência". Não se afigura muito lógico que uma comissão de milionários, se confrontada com o assunto, escolhesse massivamente votar por sindicatos contra patrões, e no entanto, o contrário, uma legião de tesos (mesmo que em termos relativos, note-se) a votar por quem os reduzirá à miséria na primeira oportunidade já parece fazer todo o sentido.
Fica para a posteridade, destes inexplicáveis tempos lusos, a conclusão inevitável de que existem, realmente, fenómenos que não se explicam. A menos que a lógica nos empurre para uma validação em foro adequado, ou seja, na via dos insondáveis mistérios do masoquismo.
E por mais voltas que se dê à matéria, temos pena, é disto mesmo que se trata. E é isto que se joga para futuro.
Ana Vassalo
(on facebook too,
Oct 22, 2015)
(2) Governo PSD/CDS altera drasticamente pensões por invalidez
Decreto-lei publicado esta terça no Diário da República, num momento em que o país discute qual será o futuro governo, vem dificultar gravemente o acesso à pensão especial de pacientes de doenças incuráveis como Alzheimer, doenças cancerosas ou sida, entre outras.
Decreto-lei publicado esta terça no Diário da República, num momento em que o país discute qual será o futuro governo, vem dificultar gravemente o acesso à pensão especial de pacientes de doenças incuráveis como Alzheimer, doenças cancerosas ou sida, entre outras.
(1) e (2) in
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentários: