"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
************
"I am nothing.
I will never be anything.
I cannot want to be anything.
Apart from that, I have in me all the dreams in the world."
or...
"I am not nothing.
I will never be nothing.
I cannot want to be nothing.
Apart from that, I have in me all the dreams in the world."
(Álvaro de Campos in "Tabacaria")
LISBOA - Chiado
"Fernando Pessoa" by Lagoa Henriques. The place: "Café A Brasileira" (Brazilian Café) - 1905.
PLAYLIST TODAY
MUSIC IS THE PASSION REPORT
♥ ♥ ♥
PLAYING SOFTLY WHILE SOMEONE SANG THE BLUES
Saturday, Jul 22, 2017 - 17:57
SALVADOR SOBRAL - NEM EU [DORIVAL CAYMMI]
YouTube – "Salvador Sobral"
ANTONY HEGARTY + LEONARD COHEN - IF IT BE YOUR WILL [COHEN]
YouTube – "Oggmonster"
CHAN MARSHALL (CAT POWER) - I'VE BEEN LOVING YOU TOO LONG [OTIS REDDING]
YouTube – "anaruido"
JANIS JOPLIN - ME & BOBBY MCGEE [CHRIS CHRISTOPHERSON]
YouTube – "ThE DuCk"
JEFF BUCKLEY - LILAC WINE [JAMES SHELTON]
YouTube – "
roberta panzeri"
DAVID BOWIE - WILD IS THE WIND [JOHNNY MATHIS]
YouTube – "Peter Music HD"
_____________________
LEANING INTO THE AFTERNOONS by PABLO NERUDA
«Inclinado en las Tardes»
YouTube - "FourSeasons Productions"
CHANGING BATTERIES - OSCAR WINNING ANIMATED SHORT FILM
YouTube - "Bzzz Day"
DIALA BRISLY - A BEAUTIFUL YOUNG LADY
(a huge thanks to my daughter who e-mailed this video to me)
BBC Newsnight
«Syria is devastated by five years of war - and it's taken a huge toll on the country's children. Here's one woman - artist Diala Brisly - who is trying to make life that little bit more bearable for Syria's kids.»
Syria is devastated by five years of war - and it's taken a huge toll on the country's children. Here's one woman -...
I got here to hide. From equations and patterns. From repetition, after all.
Closed the door and got me a special place where I thought I could
somehow sit close to the stars. But I soon found out that the sky was
still opaque, no matter what the steps. And so I left. Again.
I thought, then, I could build me a different ceiling, a new-coloured scrap
of highness. And then make it work. Where I could dream, more than I sleep.
I have long decided that sleeping is overrated - that I know for sure. So I
take that time instead to travel the night alone and in the meantime I allow
myself to fly, unlike stated before... Yes, I like playing with paradox, to
expose the inside of words and the revelation of writing down the voice of a
silence. My adventurous, ever-walking silence.
So I came back. Here, within this quiet world, I intend to gather all my
things usually kept hidden or inactive. They are here to speak.
And since the future is a stand-by secret, I want to live by a precocious
clock, at every running instant of every entering second.
And I will not slow down until my "future exists now" - kind of reverse
quoting Jacob Bronowski.
Ana Vassalo in my site "CAFEÍNA"(former "No Flying Allowed")
Nov 11, 2010 - 11:54
é de vagas essa luz fermento vivo de olhar que ao mundo se abre e seduz.
e faz-se o dia em coração catedral do gesto amar que é de flores esse pão do sal que amanhece o mar.
forno de ternura viva que um abraço de pontes cativa na luz coragem de acreditar.
Aos meus amigos queridos eu desejo um Natal de estrelas num bolsinho cheio de céu remendado junto ao peito. Vamos roubá-las juntos, e que nada nos canse por aí, muros, florestas ou medos, que qualquer coisa de estrela há-de nascer em futuro. Beijo grande, luz de esperança. Sempre.
Diz que era o Natal. E então chegou coelhinho, casou com lobo mau e foram com carochinha ao circo. O homem do show não compareceu. Estava lá muita gente a assistir? Bué, repondeu a menina do comboio a pilhas uh-uh-uh! Um pouco à parte mas de ouvido hábil e atento, lobo mau acrescentou, sempre estrategicamente prestativo, que até improvisaram um referendo ali mesmo e o resultado foi o esperado: queremos o Pai Natal. Nada. Instado a pronunciar-se sobre tão grave afronta à tradição, o homem das chaminés do mundo encolheu os ombros, olhou displicentemente as unhas arqueando a sobrancelha, chamou as renas em gesto de despedida e virando costas aos media, laconicamente declarou, já de saída : não gosto de palhaços. E eis que lobo mau, zut, se evaporou pelos intervalos da confusão e retomou a história certa, ali mesmo ao lado, que pelo menos – meditando - o capuz vermelho haveria de recuperar para acenar às crianças e velhinhos do mercado da feira e pra Natal já basta assim, valendo-lhe tal feito a nomeação por unanimidade - de coelhinho e carochinha, já se vê - como quase-rei mas efectivamente monarca absoluto de um reino longínquo e triste, de seu nome Serra Amarela, que desde um certo outono a rigor toma o nome das suas cores e responde por Selva Laranja, e fica mesmo ali ao largo de Guimarães onde tudo começou. Tem até lá uma muralha defensiva, o castelo, que consta vai ser privatizado e desmontado em peças para venda a retalho como souvenirs para turista. Resulta, enfim, que coelhinho, um pouquinho amarfanhado, lá continua sentado e de sorriso seráfico preso por taxas, esperando ainda conseguir corromper o homem da coca-cola dentro do prazo, já que a família não lhe perdoa o erro lapidar de hostilizar uma multinacional tão amiga e que dá sempre tanto jeito para as festinhas das crianças com palhaços. Carochinha, bom... esse permanece ignorando até ao fim dos seus dias o pormenor avulso de se ter esquecido de comprar o caldeirão da vida e segue, segue, definhando em banho-Maria... Enquanto isso, os outros três reis maiores do cartel, magos da Floresta Negra - que nasceu às cinzas de uma tal de 2ª guerra, anda por aí a meter o nariz com miragens de regresso e hoje tem muitos braços de selva - Lagaltazar, Barraspar e Drelchior coçam as respectivas barriguinhas fartas de riso, a banhos de sol e mar numa ilha exótica por aí, mas só nos intervalos da contagem e verificação do stock de ouro, mirra e incenso que vão conseguindo amealhar para as suas casas durante o tal do banho-Maria. Uma única mas constante preocupação lhes mina a felicidade: o assalto latente pelos delinquentes não condenados e auto-exilados da serra amarela. Tomam juntos malibus e piña-coladas às 5 da tarde, em amenas cavaqueiras de saque em exercício de estilo, mas sempre de olhos postos na bolsa do outro lado. Depois, distraídos com essa feliz invenção do natal tropical, coisa de sonho irresistível, lá acabam a dar-se todos bem. Hã? A menina, qual menina? Ah! Sim, claro! Pois, coitada, partiu no comboio mundo afora e foi inventar oxigénio de 2ª geração até ao natal de 2030. Parece que se farta de ganhar prémios mas soa que nunca mais acreditou em renas que voam. Quando inquirida de cepticismos radicais, responde invariavelmente: Cadê as asas?... É... Morreram todas. De cortes na costura. De Pai Natal, nem a sombra. Mas eu desconfio de muitas coisas. Cá para mim, estabeleceu um protocolo com a Menina do comboio a pilhas – esperta! - e estão os dois de plano em carteira, até porque consta por aí que um enorme carregamento de oxigénio, o tal de 2ª geração, seguiu já, com a respectiva e essencial etiqueta de “classificado-confidencial”, a caminho de Marte. Como posto de observação, nada mau, não? Já ali ao virar da esquina! Depois, basta fazer as contas e perceber o pedido de reforma, com carimbo de origem na Lapónia, que deu recentemente entrada na Segurança Social... Os outro três, e também os outros três, andam às voltas, por aí, apreensivos com a ideia de que essa malta imberbe é um risco latente e difícil de manipular por controlo remoto, já que os mandaram para longe. Sempre assim foi, a História é tramada... Raios parta essa mania piegas das asas e das invenções e da esperança – e é um sulco sem fim num chão de unhas roídas. É. O mundo tem Vida renovável. Árvores. E experiência de autoterapia. E muito quem não se renda à doença, também. Mas afinal é Natal, lembremos, pode-se sempre contar com a Paz. Não esquecendo que os Escravos foram aquela dor de cabeça sem tréguas, a pulga na orelha de Impérios em estado de Paz. Ela está aí. A Paz Romana. E o Tempo, à espreita, farta-se de rir.
Parabéns, Paizinho. São oitenta e oito translacções no caminho, com duas décadas de Mar, tanto mar, meu pai, de tantos mundos novos, partidas sem data e regressos de saudade sem nome. E pelo meio, o presente maior: a reunião em África, por fim a família plena. Cinco, 5 anos tinha eu e tu 36, a contabilizarmos memórias de três anos para uma vida inteira, que evento algum, alguma vez, poderá derrotar. Uma mente aberta de lugares, de tantas gentes novas, o planeta navegado, as fotografias com história, os serões de tertúlia no Café Portugal, Rui Mingas, Luís Goes, depois a casa cheia, a música, a dança, a festa, os amigos, os vizinhos, e o meu sono chegando doce, de colo em colo. E os navios, pai, essa vida de tantos dias sobre vagas que conheci, cheiro de sal e aventura que me prendeu para sempre. Talvez por isso, Liberdade para mim se resuma a dois nomes: Mar e África, pois foi neles que a respirei a fundo. Depois, tenho de te agradecer muito por aquele gravadorzinho que nos trouxeste de Cabo Verde, o meu mundo fantástico de criança, e mais tarde companheiro pelos anos, ombro de tantas solidões vencidas. Cá continuamos, hoje, eu bem mais velha que tu então, e nada de essencial mudou: os debates, a abertura, o carinho, o teu humor insuperável, a gargalhada fácil, a generosidade desprendida e acima de tudo essa incrível capacidade de navegar os dias por mais agreste que seja a tempestade. Acho que por fim captei, meu pai. Pouco é tão sério assim mas quando é, é sempre em frente de peito feito e o mar conquista-se, de mergulho, um atrás do outro, sem capitular. 88 é número de esperança sem folga: dois infinitos, lado a lado, de pé. Pode até parecer muito mas nunca farias a coisa por menos e eu, eu espero com fé que ainda agora tenha começado. Como muito bem lembraste hoje, temos o Manoel Oliveira por referência!
Beijo grande, Papai!
Tiraram-me daqui o 27 de Setembro do Travadinha, pai, portanto cá vai outra, também das primeiras que nos gravaste, ainda que por outra voz, e nunca mais partiu:
Parabéns, minha Mãezinha linda. A vida foi-te dia sim, dia sim, a cada momento de amor que agarraste e prendeste nesse teu bolso enorme de coração, a abarrotar de afectos. Gostava hoje de te poder oferecer o que mais falta te faz mas por mais que tente não está disponível nas opções possíveis para a tua Vida. A cada ano mais as palavras soam-me fracas, inúteis para o que realmente contaria... Mas olha, sabes, amor é o que é, não se programa, não se controla, ele apenas é... Como este que te guarda em mim, num lugar maior que as palavras. E então trago-te o que amas de raiz, Alentejo, o teu, o mesmo que pertence à menina que assim o canta, de campanários certos às 5 da tarde, restolhos que murmuram e silêncios que nos falam, de céus como mares e poente de maravilhas, a planície sem fim que só no horizonte se acolhe, e casinhas de branco e amarelo como a tua, onde te reencontravas com a origem. E a felicidade brincava tão perto de nós, lá, nascendo lugares de natureza sem lei, as romãs por ali caídas num chão em sombras de tardes leves... É o que consigo dar-te hoje de melhor, minha Mãe, de entre todas as coisas que realmente importariam para ti, assim pudesses agarrá-las. Os teus olhos de mar e esse sorriso de luz que te tornavam única entendem ainda o essencial de mim que te abraça pelos dias. De resto, sabes de tudo o que aqui não digo, porque há silêncios que são feitos de amor.
E pronto, cá estou, chegadinha de almocinho bom com papai, como todas as semanas. Gosto de saber que a cada dia aprendo com ele, coisa involuntária na origem mas de efeito sem tréguas. A uma semana de fazer 88 anos, rijo e positivo que só ele, diz-me por entre risos que "o fim do ano está à porta, coisa que não me dá jeito nenhum, mas enfim, lá terei de crescer mais um bocadinho". Pelo meio das habituais actualizações políticas, onde as notas se confundem já que tocam o mesmo lado das teclas dessa música onde nasce a Liberdade - e embora ele toque lá para a "ponta" ainda um pouco mais que eu - , assim como quem não quer a coisa, tento "fiscalizar" cumprimentos que sei de antemão jamais serão respeitados. E é sempre nestas alturas que (re)penso: quem sai aos seus... É. Ora, sabendo-se que, há mais de 1 ano, está rigorosamente proibido de jogar ténis pelo respectivo clínico de acompanhamento, coisa que fazia 3 vezes por semana, e perante a minha inquirição de como se está a dar com a coisa, já não me surpreende que descontraidamente me responda "nada de especial, agora só jogo contra a parede e só 2 vezes por semana". Fico ligeiramente piursa e atiro: ah sim, e por quanto tempo é que dura essa drástica redução? Encara-me, sorriso estanhado, desviando depois o olhar para o prato: "pouco, 45 minutos só". Tenho que me rir, inevitavelmente. E depois sei que está tudo bem: com ele, comigo e com o mundo, enquanto nele desfilarem espíritos imbatíveis assim, com os olhos postos na possibilidade absoluta, como quem diz, em amanhãs sem descanso. Já te agradeci hoje, pai? Fazes-me tão bem! Obrigada, por tanto mar navegado.
"A família não é uma coisa importante. É todas as coisas." - Michael J. Fox
Thank you for all the armies of good,
peace and good will you have trained in that ancient house you
rebuilt and called Freedom. All free beings, in body or mind, who
aspire to live there are with you today.
Freedom is you, anyway. So we’ll call
it MANDELA FREEDOM cause it comes from an unique, very special kind
of root.
In each and every good heart, every
free mind, you live forever.
Your long and full life has earned you
a soul at every step taken. It has now left you and stayed behind as
an eternal reminder for us of what really should matter in traveling
this earth ‘cause you yourself really do not need it anymore. You
have learned it all and handed it on to us.
So please, you go now and just get
yourself some rest.
Thank you!, I yell and wave from afar,
knowing that you‘ll see me and most of all that you shall listen.
You always do. Because it’s You.
We miss you now, we’ll miss you more.
Always. All ways.
Goodbye dear MADIBA.
OH CAPTAIN, MY CAPTAIN!
(AV)
REMEMBERING...
SING FOR MADIBA - THE SOUTH AFRICAN PEOPLE
"On 29 May 2012, thousands of South Africans gathered at Nelson Mandela Square in Sandton to record a birthday tribute song ahead of Nelson Mandela's 94th birthday on 18 July."
YouTube: "LeadSouthAfrica"
TODAY - THE WORLD.
WE'RE SINGING FOR YOU, MADIBA: HAVE A GREAT TRIP!
[This was all written with my left hand cause the right one isn't working and it took me a long time. Anyway, I got it done. Some coincidence though, inviting me to reflection. So, I'm accepingt the invitation so I can check if everything confirms itself, as it seems.]
Ana Vassalo Thursday, Dec 5, 2013 on facebook too, Dec 5, 2013.
Talvez eu queira apenas um mundo onde as pessoas não se agridam gratuitamente.
Onde as pessoas se falem de boa fé, esclareçam o que as divide e apostem na boa vontade. E entendam que a paz do mundo começa no são convívio com a porta ao lado.
Talvez os muros que levantámos para a resistência à dor nos reflictam depois no que não somos mas parecemos. Mas é o que temos e só podemos tentar reconstruir-nos, um pouco a cada dia, se não andarmos continuamente a pisar em minas pessoais.
E uns sapatos emprestados para, no caminhar da vida que a outro pertence, ganhar força de percepção da sobrevivência que se tenta a qualquer preço para lá da falta de ar. Esse ar que outros fazem questão de sugar previamente, não porque dele precisem mas para que não reste sopro agarrável.
Talvez perceber que a única distracção que tenho se tornou num feroz bombardamento que diariamente me sugere a partida e o subsequente isolamento, e tudo isso, apenas, porque serve o hobby de terceiros.
Talvez, ainda, perceber que não somos todos iguais e não porque façamos questão da diferença mas porque não temos opção: é o que somos, sem o retoque de imagem onde não nos reconheceríamos depois. Aceitar, então, o que se não gosta e que isso é coisa natural do mundo, virando costas e partindo sem ter de destruir.
Talvez ser feliz sem que isso implique o desmoronar do Outro.
Talvez... tantas coisas de calar.
De resto, informo, sou feia, mal vestida, mas sorridente nos dias, porque é o que vou conseguindo e a indiferença é a melhor companheira. Rasgos de vedeta não me cabem e os antípodas são de facto a minha melhor morada. Por mais que não pareça, como tudo indica ser o caso.
Talvez, enfim, cansaço demais por tanto erro de boa fé.
Talvez um pouco de bondade, simples e antiquada, se precise, quem sabe...
Grata, pois, aos conselheiros amigos, donos de um trabalho de recuperação fantástico e de que me acham candidata em s.o.s., apurado e detalhado de crítica desconstrutiva, e que tem tido os seus resultados bem visíveis: já chego a lado nenhum. E esse é o meu melhor lugar.
Quanto ao vosso, desejo sinceramente que seja sempre o de ser mais feliz. Porque se for, eu deixo de importar. O que, claramente, será bom para todos.
Era uma vez um senhor a
quem chamavam poeta porque juntava palavras lindas para dizer coisas
importantes de criança. Mas o nome dele era Gedeão. Um dia, quando
morreu, pegou numa mão-cheia delas, as palavras de inventar, e
levou-as com ele para não se esquecer de como se fazem os sonhos.
Devia ser muito bom e gostar muito de pessoas, por isso não se foi
embora sem deixar algumas connosco, para nos ensinar como foi que a
vida aprendeu a rir.
E diz-se que pula feliz, por aí, em dias
de azul e arco-iris, sem que ninguém o possa ver. Mas ele não se
importa e até acha graça, porque agora é ele que brinca por
dentro dos sonhos e moram todos na mesma casa. Lá, onde o céu
nasce da terra, a girar cores sem fim quando lhe acena "até
logo".
Beijinho de vovó Ana.
(AV)
(excerto de "Pedra
Filosofal", António Gedeão, in «Movimento Perpétuo»,
1956;
foto: “Don’t follow your dreams, chase them”).
Com
Natacha e João Paulo, Bi e Nené.
Ana Vassalo posted on facebook in:
19-Nov-2013 – 09:25
Está um calor que não se
aguenta! Diz que o outro, o transiberiano é ligeiramente mais
quente - mas coisa de pouca monta, não relevemos. Só pode ser de
tanto fuso, logo oito, aquilo deve estafar qualquer um e depois, é
claro, aquela coisa da energia dá-se.
Por este andar, o êxodo
é a próxima actividade de topo nacional e assim de repente,
ocorre-me o Alaska, que embora bastante quente também, é
indiscutivelmente bem mais ameno e portanto opção de peso para
destino de exílio, diria eu e sem hesitações.
Agora vejam lá,
protejam-se bem, de factor 50 para cima, que o SNS já emigrou. Não
há fonfons nem gaitinhas: um escaldão destes e é insolvência
certinha com marca de privado, ou coisa pior ainda, lá para os
lados de nunca mais.
Bom dia, sim. Porquê é que é caso mais
complexo. Agora vou ali regular o painel solar que sempre poupo uns
vátios e de caminho chateio a edp.
L'infinito
Enigma - Archeological Reminiscence of Millet's Angelus,
by
Salvador Dali
E quando te sentires em
tentação de fascínio por um qualquer "para sempre",
respira. Inspira bem fundo e pensa o infinito. Tenta agarrar-lhe o
ponto mais distante e que, todavia, nasce tão longe do fim de todas
as coisas que não têm fim. Inspira de novo e talvez, apenas
talvez, sintas em ti a necessidade de reformular o tempo. Num lugar
da memória mais perto de ti, onde o silêncio se cumpra alto.
Brian Eno : while the Velvet Underground's debut album only sold 30,000 copies, "everyone who bought one of those 30,000 copies started a band."
*******
Hi, Lou
"And then later when it gets dark we go home"... and it's a new day...
Light is where the heart is, you'll do fine anywhere.
Don't know if anyone ever told you but the Perfect Day is a Lou Reed's song day. In the dark, where your heart shines poetry.
Well, you know I've always loved you, don't you?
"2001" was the name: I used to go there so I could listen to you & some of your best friends to the best dancing sound ever. I was 17, the place was new and unsual, and the name 2001, in that different year '74, had a lot to tell me.
Yes, when you showed up in the night with your "wild side walk" that was my perfect moment. I just flew away and danced with you, both alone in the dark. God, I wish we were still dancing! It would mean the greatest times ever were still here, right by my side.
Those special times through music, when I could keep away from the crowd and just be there with you, in a strange, challenging, exclusive world. No stuff, man, just a couple of drinks, that amazing sound of yours and an outsider pair of wings. And I know you know what I mean - you were there...
Thank you, Lou... I miss you like hell... But you always knew I would, right?
You go and teach them damn well over there, ok?
Make them shine!
See ya around.
♥
THE VELVET UNDERGROUNG - HEROIN "I wish that I was born a thousand years ago" (or a thousand years ahead...), "I guess that I just don't know"...
Por vezes ouvia música. Só ela ouvia música; aliás, era ela que escolhia, mentalmente, as músicas que ouvia, ouvia secretamente essas músicas. E dançava com essas músicas; dançava com os olhos, com movimentos de cabeça, com os braços. Podia estar a ouvir pessoas e estar, ao mesmo tempo, a dançar essas músicas. Dançava; às vezes, por dentro de si mesma.
»
Baptista Bastos
MILTON NASCIMENTO - EU, CAÇADOR DE MIM
« For so much love, for so much emotion Life's turned me into this: Sweet or atrocious, Tame or ferocious, I, the hunter of me ...»
Queria que te chamasses Ana, o nome da
minha avó guerreira, única que conheci. Só não encontrava um nome
que ligasse com ele e me desse a mesma medida de realização
emocional que me dava o primeiro. Andávamos ali num impasse, o teu
pai e eu, sem saber que te chamar para além de bebé Quicas, coisa
que ouviste durante 9 meses, lá no teu mundo protegido.
E foi assim que há 38 anos, no
rescaldo de um “verão quente”, o mês de Outubro te carregou
para a vida, num dia em que ainda não te encontráramos a graça. E
assim continuou, por mais três, 3 dias, em que os restantes
acontecimentos, de tão graves e impositórios, relegaram o assunto
para um plano de adiamento.
E eis que ao 4º dia, uma amiga, a Né,
com quem me desentendia hora sim-minuto não -- por causa da
política, é claro, visto que a minha asa esquerda não
encontrava maneira de se apaziguar com o cds dela -- me foi visitar!
E trazia novidades, surpreendentes, acrescente-se: uma sugestão de
nome para ti.
Pelo meio da névoa que era a minha
existência naqueles dias, de vive-não vive, há sangue que
chegue-não há, o corpo rejeita a transfusão-não rejeita, que se
prolongou por 7 sóis, surgia aquela variante bonita aos banhos
tomados pela madrugada para esquecer que a morte rondava por ali,
piscando-me um olho sádico e intrépido, como quem diz, qualquer que
seja a solução o risco espreita no arame e terás de esperar até
ao fim para saber... ou talvez não, já não venhas a saber...
Bom, importa que soube, não é? E mais de 3 décadas depois estou cá para divagar
passados felizes, por mais que as odes tentassem enegrecê-los.
Temos, então, que chega a Né, com o seu discurso claro e
pragmático, ali sentada do lado direito da minha cama, e sem rodeios
ataca: já tens nome para a tua filha?, não, não tenho, não passo
de Ana e o resto não sai..., pois é mesmo disso que te quero falar,
porque há dias li um nome numa revista, que, não sendo o que
queres, contém o que queres: é russo, e deriva de Anastacia – aí
tens a Ana – e é Natacha, gostas?. Foi aí que a olhei estupefacta
– ou “estufepacta”, como sabes que gosto de brincar – e lhe perguntei
se ela estava mesmo bem, a sugerir-me um nome que para ela seria
sempre “comunista”, ao que ela com o seu sentido prático, e de
imediato, cortou: é diferente, soa bem, e contém Ana, já está.
Nada a contra-argumentar, pelo que foi
ali, naquele momento pouco zen, que a minha filha ganhou um nome
único. Que só alguns anos mais tarde viria a ser adoptado com
ligeira frequência e não nos melhores contextos. Mas importa que,
com o seu ar exótico, toda a gente se abria em sorriso largo quando
lhe ouvia o recém-adquirido nome, via Né, e invariavelmente
comentava: tem tudo a ver com ela, é bonito e exótico.
A minha menina era, de facto,
diferente, coisa que lhe era dada pela mistura de sangues: o pai,
português 'giraço' de pele bem morena e nariz especialmente
arredondado e bonito, com o toque da ascendência africana que o
precedia – esse meu tal marido que transformei em névoa pelos anos
para que o mundo fosse possível; a mãe, dolorosamente branquinha,
sardenta e ruiva, com a marca da ascendência de leste europeu que um
avô paterno lhe transmitira.
E diferente ela se mantém, não só no
nome, não apenas no visual exótico que cresceu e amadureceu em
mulher bonita, mas muito mais em coração e alma que soube impregnar
de generosidade e doçura, de fortes convicções de princípio,
gerindo uma liberdade que lhe foi dada desde sempre para pensar em
sede própria, e que desponta, por detrás de uma serenidade aparente,
num NÃO inequívoco e final, sempre que o reconhece indispensável.
Dia fantástico, pois, aquele 19 de
Outubro, que um “acidente de pílula esquecida”, logo abraçado e
entusiasticamente desenvolvido, fizera nascer por fim, 9 meses
andados de muitos sustos e percalços. O Quicas bebé chegara pelas
17:40 de um Domingo sem fim, com forceps e anestesia lembrada após 8
horas de passeio infernal pela dor, que culminou em pânico, lá
quase pela 1 da manhã, quando acordo e em volta vejo todas as mães
com os seus recém-nascidos junto delas, sendo que eu... nada!
Foi então que surgiu o grito, que
jamais esquecerei, esse que abanou corpo, leito e unidade, e me plantou demente, em
pé na cama, crivada de pontos, de dor e de incompreensão, aos urros
de “o meu bebé, onde está o meu bebé?”. Nem sabia ainda que
era uma menina, acabara de acordar e o parto era para mim um zero
absoluto na memória.
E de nada valeram as explicações supostamente
confortantes de enfermeiras e auxiliares porque os gritos de
“quero o meu bebé, o meu bebé morreu e não me querem dizer”,
não cessaram até àquele momento sublime de ma trazerem, embrulhada
numa mantinha, morena que só ela e os olhos mais fantásticos que
alguma vez conheci, escancarados e doces, fitando-me com um certo ar
intrigado, enorme nos seus 51cm e os seus 3,750Kg, bonita como poucos
que vi na vida. Coisa de mãe, dirão. Não.
Era tão, mas tão bonita, que durante
aqueles infernais 7 dias que vivi entre este mundo e um outro que não
sabemos se existe, a minha única alegria era aquela bendita hora
das visitas em que as pessoas iam chegando para visitar as outras
residentes e paravam junto ao berço da minha menina para exclamarem,
invariavelmente, “que bebé tão bonito, parece que já tem dois ou
três meses!”.
E era assim que eu me renovava de ar, a
cada dia, quando os meus mecanismos de oxigenação teimavam em
falhar-me galopantemente, concretizando a coisa em inúmeros desmaios
diários, que pareciam não preocupar ninguém, não fosse uma sénior
enfermeira, dedicada e profissional, ter dado comigo caída para cima
do lavatório na casa de banho e ter tomado, por fim, as necessárias
medidas que acabaram, em última análise, por me salvar a vida. Foi
ela, e somente ela, essa enfermeira bonita e terna nos seus 60 anos
ou por aí, que me apoiou clínica e emocionalmente muito para além
do que a profissão lhe exigia, quem determinou que eu pudesse estar
aqui hoje, escrevendo pretéritos com nome de amor.
Natacha... Dizer nome de filho é, para
mim, a minha certeza de ter lugar neste mundo – foi ela quem ma
trouxe. De estar, por convicção e legitimidade. Quando olhamos os
filhos, sabemo-nos.
A minha filha é o meu lado maior, o
bom, o de entrega incondicional, de segurança nos actos, de valência
e de pertença, de acção e atitude contra marés. A minha filha é
a razão de eu me reconhecer com direito à vida, como é fácil de
perceber.
Nunca, entre nós, o conflito de
gerações marcou presença, sem que para tal, tão raro, fosse
necessária a minha demissão do papel de mãe, tão em voga à
época, substituída pelo conceito de pais-amigos. Não. Tenho para
mim que um pai é amigo por inerência e por isso mesmo tem de ser
educador, sendo que esse conceito em mim era completamente
revolucionário.
Lendo sobre psicanálise, psicologia e pedagogia
desde os 13 anos, por completo fascínio pela matéria, tinha sido
apresentada a quase tudo o que era corrente de educação por esse mundo,
projectos fantásticos levados a cabo em ilhas, como o de
Summerhill, para que o contágio exterior não pontuasse. Fiz, então, a
minha síntese própria a partir de todas elas, adaptei-as à minha
forma de pensar e sobretudo de sentir, e eduquei a minha menina em liberdade, com a ideia do
valor imenso que aquela palavrinha contém, sem nunca me demitir de
observar, à distância – uma distância muito próxima mas
discreta, interveniente sempre que necessário.
Todos os meus colegas conheceram a
minha filha, que fazia visitas recorrentes ao meu gabinete da torre
2, nas Amoreiras - onde o meu Tejo magnificava para lá da minha gigante
janelinha - e onde ela me esperava, sentadinha, até à hora de irmos
almoçar ou às compras. Diziam-me: o teu melhor papel na vida é,
sem dúvida, o de mãe – a tua filha é única! Muitos dos meus
colegas são seus amigos nas redes sociais há anos e nunca a
esqueceram. Tenho que o dizer claramente: a minha filha é o meu
orgulho. Por ela, por ser quem é, por mérito seu.
Natacha é um nome de realização e
amor, que me sabe bem pensar, ainda que o transforme, às vezes, em
“Tachinho”, só para a irritar. Escassos 19 anos incompletos nos
separam. Conflito de gerações é coisa que não conhecemos. Ela
escolheu uma atitude mais conservadora que a minha, pela vida mais
fácil que conheceu, provavelmente. O que não implica que, e apesar
de ter nascido mais de um ano após o 25 de Abril, não sinta esse dia com a
mesma emoção e respeito que eu, tal como sente todos os nomes das
artes, da música, da poesia que a ele ficaram ligados. Porque somos
nós, e apenas nós, quem pode passar determinados acontecimentos, de
incalculável valor, aos nossos filhos. A nossa emoção ao
relatá-los, a nossa verdade, são contagiosas. E o culto da verdade,
tal como a vemos, em cada um de nós, tem de ser o nosso elemento-guia.
A música, por exemplo, era, por
aqueles tempos, elemento de separação entre gerações. Não foi.
Trocávamos os lp’s, depois os cd’s, e ofereciamo-nos mutuamente
nomes que ambas cultuávamos, como Zeca Afonso, Sérgio Godinho,
Jorge Palma, colectâneas dos Beatles, dos Queen, dos Xutos, ao que se seguia
verdadeiras sessões de discoteca em casa. Do melhor que há, mesmo,
com os mega decibéis a reinar triunfantes.
Não por acaso, escreve. E bem. Como, de resto, eu
gostaria de escrever, naquele toque espantoso de imaginação
e originalidade que me falha, em forma e conteúdo perfeitos. Há
muito que não o faz, contudo, entregue que está, com paixão, aos
dois filhos que já cá reinam e ao terceiro que ronda por aí, a
pouco mais de um mês de ser gente.
É geneticamente actriz, e, que
me lembre, pelo menos desde os 5 anos. As sessões de Natal com os
primos, lá pelos seus 10 anos, com caracterização hilariante, de sua lavra, do lenço na cabeça às pantufas, e
os textos que improvisava na hora, eram de morrer a rir, invariavelmente, quase provocando ataques de coração às tias, que já não caminhavam para novas.
Assim lhe sugeri o teatro. E ela foi, cheia de entusiasmo, cair num
projecto subsidiado que interrompeu trabalhos até à chegada do
subsídio seguinte. Cansou-se: mãe!, 1 mês de expressão corporal,
SÓ expressão corporal, sem rigorosamente mais nada, com não sei quantos meses de
espera a seguir, provavelmente para mais expressão corporal, NÃO!,
muito obrigada. E arrancou para outros gostos.
E porque estas coisas não
são nunca aleatórias, o gosto da avó materna e da mãe pela música
cresceu nela também. O piano chegou-lhe através de F., que durante uns anos se
transformou em seu professor, com resultados visíveis e bem
sucedidos. A flauta, que orgulhosamente comprei no Chiado, na
Custódio Cardoso Pereira, foi o seu primeiro instrumento, que praticou na
escola e, uma vez mais, com sucesso. E por fim a guitarra, que
aprendeu com o seu primeiro namorado e que nos valeu grandes sessões
de cantoria, pelas noites cá de casa, com os seus e meus amigos;
porque sim, também canta muitíssimo bem. Depois, acompanhava-me e cantava
eu, que de guitarra não percebo nada, e lá brincávamos juntas e felizes em
momentos para a vida.
Cursinho de seguida, da 1ª classe, entrada aos 5, até à conclusão do IPO, escolheu a minha filha, com convicção e vontade férrea, ser Enfermeira: de neuro-cirurgia, cuidados intensivos. Eu, gostava de a ter visto seguir qualquer das artes em que brincou com talento. Ela, anda por lá há 17 anos, no melhor hospital da capital. Feliz, acrescente-se.
...
Há 100 anos, exactamente neste mesmo
dia, nascia outro amor nosso, eterno, que igualmente nos une, filha e
mãe. Deram-lhe esse nome de todos os tempos: Vinicius de Moraes.
E
aqui sim, meramente por acaso - porque nenhuma de nós sabia que a
data dos seus aniversários coincidia - eram dele os versos que se
mantiveram, por alguns anos, no “status” da minha menina grande,
do primeiro ao último dia da sua permanência no Hi5:
“Porque a vida só se
dá
pra quem se deu,
pra quem amou,
pra quem chorou,
pra quem sofreu.” Verdade. É facto que a sua vida foi, em termos logísticos e de
acompanhamento familiar, mais fácil, sim. Mas porque ela aprendeu a
gerir faltas maiores, com a sua doçura, a sua generosidade e o seu
coração desmesuradamente bom. Família nunca lhe faltou e viveu
rodeada dela. E no entanto, com uma falta maior, porque sabemos que
ninguém, nunca, poderá ser inteiramente feliz. Uma falha de
percurso, que agora já pouco releva. Porque há realmente passados
que não importa reviver, nem sequer na palavra. Mas, facto é, 33
anos passam sobre uma ausência maior, total, definitiva, indizível
de inconsciência.
Há futuros. E são eles que, no final da tabuada,
realmente importam. O restante nunca passará de paisagem – olhos,
interior, processo, passagem, e... já vem ali a próxima!. És Grande, filha querida! O meu chapéu de admiração, a minha vénia, o meu respeito, moram em ti. E declarar que te amo por todas as vidas possíveis que me escolham
será muito pouco para dizer aquilo que, a cada dia de surpresa, fazes
nascer em mim.
Futuro anunciado és tu. Na paz. Obrigada. Beijo terno de mamãe.
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E esta é nossa, ainda mais tua que minha, que a adoras desde sempre.