Talvez eu queira apenas um mundo onde as pessoas não se agridam gratuitamente.
Onde as pessoas se falem de boa fé, esclareçam o que as divide e apostem na boa vontade. E entendam que a paz do mundo começa no são convívio com a porta ao lado.
Talvez os muros que levantámos para a resistência à dor nos reflictam depois no que não somos mas parecemos. Mas é o que temos e só podemos tentar reconstruir-nos, um pouco a cada dia, se não andarmos continuamente a pisar em minas pessoais.
E uns sapatos emprestados para, no caminhar da vida que a outro pertence, ganhar força de percepção da sobrevivência que se tenta a qualquer preço para lá da falta de ar. Esse ar que outros fazem questão de sugar previamente, não porque dele precisem mas para que não reste sopro agarrável.
Talvez perceber que a única distracção que tenho se tornou num feroz bombardamento que diariamente me sugere a partida e o subsequente isolamento, e tudo isso, apenas, porque serve o hobby de terceiros.
Talvez, ainda, perceber que não somos todos iguais e não porque façamos questão da diferença mas porque não temos opção: é o que somos, sem o retoque de imagem onde não nos reconheceríamos depois. Aceitar, então, o que se não gosta e que isso é coisa natural do mundo, virando costas e partindo sem ter de destruir.
Talvez ser feliz sem que isso implique o desmoronar do Outro.
Talvez... tantas coisas de calar.
De resto, informo, sou feia, mal vestida, mas sorridente nos dias, porque é o que vou conseguindo e a indiferença é a melhor companheira. Rasgos de vedeta não me cabem e os antípodas são de facto a minha melhor morada. Por mais que não pareça, como tudo indica ser o caso.
Talvez, enfim, cansaço demais por tanto erro de boa fé.
Talvez um pouco de bondade, simples e antiquada, se precise, quem sabe...
Grata, pois, aos conselheiros amigos, donos de um trabalho de recuperação fantástico e de que me acham candidata em s.o.s., apurado e detalhado de crítica desconstrutiva, e que tem tido os seus resultados bem visíveis: já chego a lado nenhum. E esse é o meu melhor lugar.
Quanto ao vosso, desejo sinceramente que seja sempre o de ser mais feliz. Porque se for, eu deixo de importar. O que, claramente, será bom para todos.
Mas obrigada, mesmo assim.
(AV)
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