Parabéns, Paizinho. São oitenta e oito translacções no caminho, com duas décadas de Mar, tanto mar, meu pai, de tantos mundos novos, partidas sem data e regressos de saudade sem nome. E pelo meio, o presente maior: a reunião em África, por fim a família plena. Cinco, 5 anos tinha eu e tu 36, a contabilizarmos memórias de três anos para uma vida inteira, que evento algum, alguma vez, poderá derrotar. Uma mente aberta de lugares, de tantas gentes novas, o planeta navegado, as fotografias com história, os serões de tertúlia no Café Portugal, Rui Mingas, Luís Goes, depois a casa cheia, a música, a dança, a festa, os amigos, os vizinhos, e o meu sono chegando doce, de colo em colo. E os navios, pai, essa vida de tantos dias sobre vagas que conheci, cheiro de sal e aventura que me prendeu para sempre. Talvez por isso, Liberdade para mim se resuma a dois nomes: Mar e África, pois foi neles que a respirei a fundo. Depois, tenho de te agradecer muito por aquele gravadorzinho que nos trouxeste de Cabo Verde, o meu mundo fantástico de criança, e mais tarde companheiro pelos anos, ombro de tantas solidões vencidas.
Cá continuamos, hoje, eu bem mais velha que tu então, e nada de essencial mudou: os debates, a abertura, o carinho, o teu humor insuperável, a gargalhada fácil, a generosidade desprendida e acima de tudo essa incrível capacidade de navegar os dias por mais agreste que seja a tempestade. Acho que por fim captei, meu pai. Pouco é tão sério assim mas quando é, é sempre em frente de peito feito e o mar conquista-se, de mergulho, um atrás do outro, sem capitular.
88 é número de esperança sem folga: dois infinitos, lado a lado, de pé. Pode até parecer muito mas nunca farias a coisa por menos e eu, eu espero com fé que ainda agora tenha começado. Como muito bem lembraste hoje, temos o Manoel Oliveira por referência!
Cá continuamos, hoje, eu bem mais velha que tu então, e nada de essencial mudou: os debates, a abertura, o carinho, o teu humor insuperável, a gargalhada fácil, a generosidade desprendida e acima de tudo essa incrível capacidade de navegar os dias por mais agreste que seja a tempestade. Acho que por fim captei, meu pai. Pouco é tão sério assim mas quando é, é sempre em frente de peito feito e o mar conquista-se, de mergulho, um atrás do outro, sem capitular.
88 é número de esperança sem folga: dois infinitos, lado a lado, de pé. Pode até parecer muito mas nunca farias a coisa por menos e eu, eu espero com fé que ainda agora tenha começado. Como muito bem lembraste hoje, temos o Manoel Oliveira por referência!
Beijo grande, Papai!
Tiraram-me daqui o 27 de Setembro do Travadinha, pai, portanto cá vai outra, também das primeiras que nos gravaste, ainda que por outra voz, e nunca mais partiu:
Tiraram-me daqui o 27 de Setembro do Travadinha, pai, portanto cá vai outra, também das primeiras que nos gravaste, ainda que por outra voz, e nunca mais partiu:
CESÁRIA ÉVORA - SODADE
YouTube: "chuckgary"
Ana Vassalo
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Dec 11, 2013
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