Dylan Thomas
1914 - 1953
Poetry
is what in a poem makes you laugh, cry, prickle, be silent, makes
your toe nails twinkle, makes you want to do this or that or nothing,
makes you know that you are alone in the unknown world, that your
bliss and suffering is forever shared and forever all your own.
Bob Dylan
May 24, 1941
I
think a poet is anybody who wouldn't call himself a poet.
1888
– 1935
(Alberto
Caeiro)
Quando vier a Primavera
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
in Poemas Inconjuntos
Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa
Daniel
Faria
Apr
10, 1971 – Jun 9, 1999
Homens
que são como lugares mal situados
Homens
que são como lugares mal situados
Homens
que são como casas saqueadasQue são como sítios fora dos mapas
Como pedras fora do chão
Como crianças órfãs
Homens sem fuso horário
Homens agitados sem bússola onde repousem
Homens que são como fronteiras invadidas
Que são como caminhos barricados
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados
Homens sulfatados por todos os destinos
Desempregados das suas vidas
Homens
que são como a negação das estratégias
Que são
como os esconderijos dos contrabandistasHomens encarcerados abrindo-se com facas
Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são como sítios desviados
Do lugar
in Homens que são como lugares mal situados
Fundação Manuel Leão
1998
Sophia de Mello Breyner Andresen
1919 - 2004
Nunca mais
Nunca mais
Caminharás nos caminhos naturais.
Nunca mais te poderás sentir
Invulnerável, real e densa -
Para sempre estará perdido
O que mais do que tudo procuraste
A plenitude de cada presença.
E será sempre o mesmo sonho, a mesma ausência.
in Poesia I
1944
Ana Vassalo
Mar 21, 2015
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