MUNDO - SOLIDÕES – POLÍCIAS
Cruzei-me
há pouco, sem querer, com esta história de todos os Mundos. E
decidi que devia partilhá-la, por achar que muito há-de ter a dizer
a tantos de nós. É que, afinal, bem olhadas as coisas, ninguém
está realmente só. E depois, conferir que cada pessoa é única e
irrepetível, é indivíduo antes de ser grupo. Reconheço-o eu, que
nunca fui fã de polícia.
[EASTSIDE
Stories – Diary of a Vancouver Beat Cop (STEVE)]
(english
original version quoted below)
«
Histórias do lado Este
Diário
de um Polícia de Patrulha de Área de Vancouver» (STEVE)
[Um Beat Cop é um elemento policial destacado para patrulha, a pé, de bicicleta, moto, por vezes também de carro, de uma área que lhe é atribuída como rotina – o seu “beat”. Integra-se na comunidade, conhece os hábitos locais e idealmente o cidadão daquela área sentir-se-á confortável à sua abordagem e à vontade para reportar problemas e preocupações locais.]
Estamos
pois a consultar o diário do Beat Cop Steve que nos conta esta
história especial.
«
Não há muito tempo, encontrei uma jovem num corredor traseiro ao
Centro Carnegie no cruzamento do Main com a Hastings. Ela estava só,
naquele lugar que cheirava a urina, e sentada num patamar junto a uns
contentores do lixo. Normalmente, as pessoas por aqui não querem ser
vistas a falar com a polícia. Dizem que lhes dá uma imagem de
“bufos” (rats). Mas neste dia, a jovem menina perguntou se eu
tinha uns minutos para ficar por ali. Eu tinha, e então ela saíu a
correr do beco para entrar numa das pensões que se alinham na Rua de
Hastings. Voltou poucos minutos depois trazendo consigo um bloco de
espirais com os cantos de página dobrados. Virou páginas e páginas
até que encontrou a certa. Então empurrou o livro para as minhas
mãos, voltou a sentar-se no degrau e abraçou os joelhos junto ao
peito enquanto eu lia.
O
texto do poema está transcrito abaixo da fotografia.
Porque
estou entregue a mim própria.
As
lágrimas que choro são amargas e quentes,
Fluem
com vida mas não tomam forma.
Choro
porque o meu coração está rasgado,
É-me
penoso seguir adiante.
Se
eu tivesse um ouvido para confidenciar
Partilharia
o meu choro com o meu valioso amigo.
Mas
quem conheces tu que se detenha por tanto tempo,
para
ajudar outro a seguir em frente.
O
mundo move-se veloz e prefere passar ao lado
A
parar para perceber o que me faz chorar.
Tão
doloroso e triste
e
às vezes...
Eu
choro
E
a ninguém interessa porquê.” »
***
From
Beat Cop Steve’s Diary
«
I met a young lady not long ago in the lane behind
the Carnegie Centre at Main and Hastings. She was alone in the
lane, which smelled of urine, and seated on a landing next to
some dumpsters. Normally, people down here don’t want to be
seen talking to the police. They say it makes them look like
rats. But on this day the young girl asked if I had a few
minutes to stick around. I did, so she ran out of the lane and
into one of the rooming houses that line Hastings Street. She
came back a few minutes later, carrying a dog-eared,
spiral-bound notebook. She flipped through the pages ’til she
found the right one. Then she shoved the book into my hands, sat
back down on the stoop and hugged her knees close to her chest
as I read.
The
text of the poem is transcribed below the picture.
“Sometimes
when I’m alone I cry,
Cause
I am on my own.
The
tears I cry are bitter and warm,
They
flow with life but take no form.
I cry because my heart is torn,
I
find it difficult to carry on.
If
I had an ear to confide in,
I
would cry among my treasured friend.
But
who do you know that stops that long,
To
help another carry on.
The
world moves fast and would rather pass by,
Than
to stop and see what makes me cry.
So
painful and sad
and
sometimes…
I
cry
And
no one cares about why.” »
Ana
Vassalo
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April
4, 2014
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