Realistic Charcoal Painting Of A Lonely Girl, by Kaushik Varma
eu sou triste
mas não por paragem
é que às vezes o tempo que empresta as luzes
não comparece
fecha-se num lugar sem nome
que conheça
e pára
já sem dramas a viver
apenas a vacuidade dos mundos
que não chegaram
um dia.
sou de um espaço corrido pelas horas
que não se abre
onde as janelas dão vista
para a cidade que dorme
no limbo de uma explosão abortada.
mas não por paragem
é que às vezes o tempo que empresta as luzes
não comparece
fecha-se num lugar sem nome
que conheça
e pára
já sem dramas a viver
apenas a vacuidade dos mundos
que não chegaram
um dia.
sou de um espaço corrido pelas horas
que não se abre
onde as janelas dão vista
para a cidade que dorme
no limbo de uma explosão abortada.
a tua mão
meu amigo
quente suave família
que agarra polis de existência
para me mostrar
imensidão e génese
não revive a minha
quando tudo o que sonhei delicado
cai de sangue no cano serrado
de uma arma de fogo zangada de gente.
e o teu espaço
que é sempre o meu espaço
dias há que não se encontram
perdida que sigo
às voltas
por uma resposta de belo no mundo que se tarda.
estás lá como se fora eu
e a mim
eu não me vejo mais do que isto
esta romaria de asas
dois palmos acima do mundo
que só responde
adentro os silêncios
de que me vesti para respirar.
eu sou triste por condição
de quem acorda para a vida
a cada manhã de escolher
e ri os vales florestas de amor
mar e montanha escala e marinha dos ventos
a luz de um rio que é madrugada lisboa
com pássaros norte e sul das temporadas
acordes e telas de espanto como catedrais solitárias
para sempre um deus preso ao coração dos homens
e depois esse alfabeto que dança
o poema das crianças - meninos de chuva em festa
de árvore e de lama e de cão, de cabra de mato macaco e cobra
essa ternura de raízes sem medo
a Casa
dos cheiros para sempre abraçados
no beijo que se guarda da terra encharcada de infância
e depois morre
em bocadinhos estilhaço de cegueira e frio
na cidade fechada
de arranha-céus que riscam
e agridem para os roubar
lotados de andares que não andam
e de ruas estreitas sem ar
claustrofobia da ideia
que nasceu para ser ave.
e traz essa mão invisível
veterana de saídas
que há em mim
de guerra e de palavras e de viagem
de intrépidas cimeiras pela paz
um dia qualquer dia
dos dias simples de poder Ser.
eu sou triste
do tanto que anseio
e sonho e persigo
tocar o corpo do fogo
que acende a paixão dos mundos
enleados
num caso de amor para a vida
com as brancas mãos da justiça que nasceu rosto de mãe.
meu amigo
quente suave família
que agarra polis de existência
para me mostrar
imensidão e génese
não revive a minha
quando tudo o que sonhei delicado
cai de sangue no cano serrado
de uma arma de fogo zangada de gente.
e o teu espaço
que é sempre o meu espaço
dias há que não se encontram
perdida que sigo
às voltas
por uma resposta de belo no mundo que se tarda.
estás lá como se fora eu
e a mim
eu não me vejo mais do que isto
esta romaria de asas
dois palmos acima do mundo
que só responde
adentro os silêncios
de que me vesti para respirar.
eu sou triste por condição
de quem acorda para a vida
a cada manhã de escolher
e ri os vales florestas de amor
mar e montanha escala e marinha dos ventos
a luz de um rio que é madrugada lisboa
com pássaros norte e sul das temporadas
acordes e telas de espanto como catedrais solitárias
para sempre um deus preso ao coração dos homens
e depois esse alfabeto que dança
o poema das crianças - meninos de chuva em festa
de árvore e de lama e de cão, de cabra de mato macaco e cobra
essa ternura de raízes sem medo
a Casa
dos cheiros para sempre abraçados
no beijo que se guarda da terra encharcada de infância
e depois morre
em bocadinhos estilhaço de cegueira e frio
na cidade fechada
de arranha-céus que riscam
e agridem para os roubar
lotados de andares que não andam
e de ruas estreitas sem ar
claustrofobia da ideia
que nasceu para ser ave.
e traz essa mão invisível
veterana de saídas
que há em mim
de guerra e de palavras e de viagem
de intrépidas cimeiras pela paz
um dia qualquer dia
dos dias simples de poder Ser.
eu sou triste
do tanto que anseio
e sonho e persigo
tocar o corpo do fogo
que acende a paixão dos mundos
enleados
num caso de amor para a vida
com as brancas mãos da justiça que nasceu rosto de mãe.
Ana Vassalo
Abril 6, 2014
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