O Tempo...
Pergunto-me, a cada fragmento seu, sobre quem é, ao que vem, o que o faz correr. Escrevo-lhe sempre, cartas, recados, inquéritos, injúrias. Monólogos, naturalmente. Numa longa relação, próxima, sempre mais íntima. O amor, o ódio. A obsessão.
Eu, quero apenas roubar-lhe os futuros e sequestrá-los aqui, em marcha no seu pedaço que é Meu, Agora. Sei lá o que são futuros, para que servem, porque nasceram! A Vida é aqui, já! Amanhã é mero conceito, pobre mas arrogante projecção de uma qualquer árida e despovoada ideia que inventou a esperança e a plantou na noite eterna, que sofre de espera.
Ele? Bom, ele diverte-se, entretendo-se a construir muitos jardins...
Sabes? Quando, sempre que, por fim, chegas, invariavelmente deixaste de fazer falta. Sofres de síndroma de atraso crónico e se, por raro acaso, tens algo para oferecer, perdeu-se algures no prazo, que falhas, sempre, com experiente descontracção. Meticulosamente.
O Tempo?... Para saber quem é, basta olhar o que importa ver : um sádico arbitrário, de gargalhada fácil e indiferente, disponibilizada universalmente, social e ideologicamente plural.
Democrático, o tipo, comprovadamente solidário.
Que bom - pra ele!...
Ana Vassalo
14-Abr-2013 - 19:51
Deste-te ao tempo da escrita e não foi hipócrita nem sádico...permitiu que nos desses um belo texto onde o tempo (esse que dizem que "apaga" tudo, mas não é verdade), é "vedeta" e nos faz aplaudir de pé, quem com ele priva desta forma tão intensa...magoada...descrédita...
ResponderEliminarPor vezes "dar tempo ao tempo" traz benefícios, é o caso!
Que bom-p'ra nós!
Beijinho
Beijinho, lindo, obrigada :)
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