Pronto,
eu confesso tudo, desliguem lá a lanterna: de telemóvel “touch”
na mão fico a parecer-me estrondosamente com qualquer uma das
minhas maravilhosas e expeditas tetravós cromagnon, mas em pior. O
que este aparelhinho fofinho me desafia a paciência, com a sua
escrita bué d’inteligente e as suas orgulhosas teclas virtuais
para dedos de bebé pigmeu (teclado!, diz que sim...), não dá,
sequer, para começar a descrever.
Ora, uma pessoa só quer telefonar, caramba!, ou vá, assim de quando em vez, de aniversário a natal, mandar uma cartinha bem pequenina a um amigo e só mesmo de emergência, ah e tal, beijinhos, parabéns, feliz consoada, paz na terra e a família como vai? Mentira. Desculpe?, pois... não! Quer dizer, “não” é apenas um singelo modo de ver a coisa, a verdade é que os episódios paranormais se sucedem e acontecem coisas absolutamente fantásticas que ninguém pediu ou sonhou fazer, e é como se aquele dispositivinho-coiso decretasse Independência ou Morte e entrasse em autogestão! Por algum motivo eu o tinha para ali guardado, a fingir que não nos víamos, nunca, pois era, mas vá que o outro, simpático, agradável, bonitinho e, sobretudo, antigo como eu - toda uma linguagem comum e familiar que mantínhamos há um bom par de anos, adivinhando palavras um do outro, já a pensar em juntar baterias e partir numa aventura de investigação comunicacional a dois – puf!, deu-se-lhe um ar súbito, perdão, varreu-se-lhe, e foi-se sem uma palavrinha, ingrato e mais nada.
Ora isto está mal e é só o
que tenho a declarar. Não se pode confiar em ninguém, está
memorizado. Nada que não me tivessem soprado vezes sem conta, de
resto.
Contabilizando, enfim, menos mal, que a coisa vai-se compondo: hoje já consegui mandar 2 sms’s de importante e incontornável conteúdo :
1º- “ Ol ”
2º – “ Ok, lind ”
Esclarecedores, como se constata, ou não fossem meus, sendo que o último me levou a módica quantia de 20 minutos a elaborar (sou uma repentista!) com posterior anúncio da utilização de 3 páginas, ok? Três-páginas-três, lá vou eu à procura do testamento, um súbito rubor incomodativo – estará alguém a ver? - mas eis que só constava o que se nos apraz verificar.
Segue-se, portanto, que com esta minha ancestral subtileza de tractor sobejamente conhecida do mundo, palpita-me que vou ter de me munir de 3 ou 4 ‘blisters’ de xanax, agarrados por uma molinha ao telemóvel - já que uma utilização vai implicar a outra – antes que se me comece a soltar por aí um vernáculo também ele todo feito de Independência e Razão, até porque o facto de ser só eu a escutá-lo não releva em nada para o estado calamitoso da minha saúde mental nestes últimos dias.
E sinais de fumo, não? Morse! Tambores? :(
Raisparta a modernice disfuncional.
Vou-me embora.
Ana Vassalo
in facebook
Aug 4, 2017
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